Há um vídeo nas redes sociais que tenta provar os efeitos nocivos do sinal Wi-Fi. A experiência de mais 60 horas mostra o que parece ser um router, junto ao qual se vê sementes de plantas. Quando as plantas foram expostas ao sinal Wi-Fi, aparentemente não crescem; quando não são expostas a esse sinal, as sementes germinam.

A partir desse vídeo, há publicações que fazem uma inferência relativamente aos efeitos do sinal Wi-Fi na saúde dos seres humanos. “Neste vídeo, você vê claramente os efeitos da radiação Wi-Fi sobre seres vivos e forma de vida como sementes, plantas, esperma, células cerebrais, humanos, animais, e assim por diante”, lê-se.

Este vídeo encontra paralelismo nos alegados resultados de um teste que alunos de uma escola secundária de Hjallerup, localizado no norte da Dinamarca, fizeram em 2013, em que se deduz que as plantas não crescem perto do sinal de Wi-Fi. Esta experiência ganhou grande mediatismo nas redes sociais.

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Contudo, uma experiência idêntica (mas mais sofisticada) realizada em 2016 por Magda Havas, professora universitária especialista em radiação e campos eletromagnéticos na Universidade canadiana de Trent, veio mostrar que o sinal Wi-Fi não “afetou a germinação” de nenhumas das quatro plantas que fizeram parte da experiência (agrião, bróculos, trevo-violeta e ervilheira).

Ainda assim, a especialista apurou que o sinal Wi-Fi “inibiu o crescimento de várias espécies”.

Relativamente ao efeito entre humanos, a Organização Mundial da Saúde determinou, após alguns estudos, que “não existem evidências científicas convincentes” de que o sinal de Wi-Fi “cause efeitos adversos na saúde”.

Com mais detalhe, o governo do Canadá publicou um esclarecimento em que reitera a ideia de que não “existem riscos para a saúde que decorram da exposição a aparelhos Wi-Fi em casas, escolas ou outras áreas de acesso ao público”.

Num esclarecimento idêntico, o governo britânico realçou igualmente que não há “provas consistentes até à data de que a exposição ao Wi-Fi possa afetar a saúde da população”.

Conclusão

Até ao momento, não existem “evidências científicas convincentes”, segundo a Organização Mundial da Saúde, que apontem que o sinal Wi-Fi tenha efeitos nocivos na saúde dos seres humanos. Relativamente ao estudo das plantas, é certo que uma experiência realizada por uma especialista canadiana provou que “inibiu” o crescimento das mesmas, mas essa experiência não tinha como objetivo avaliar o efeito da rede Wi-Fi nos humanos.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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