Uma publicação no Facebook afirma que o Infarmed “suspeita de reação adversa” no caso da criança de seis anos com teste positivo para o SARS-CoV-2 que morreu em janeiro no Hospital Santa Maria, em Lisboa. A Autoridade Nacional do Medicamento confirmou a notificação de suspeita, mas não falou em qualquer suspeita concreta, ao contrário do que o post sugere. A autópsia à criança revelou, entretanto, que a morte não se deveu a uma reação à vacina.

O caso remonta ao fim de semana de 15 de janeiro, quando o menino deu entrada no Santa Maria com “um quadro de paragem cardiorrespiratória”, acabando por morrer no dia seguinte. A criança tinha recebido uma semana antes a primeira dose da vacina contra a Covid-19, tendo o hospital alertado que só seria possível saber com certeza qual a causa da morte e se esta se deveu ao vírus ou à vacina após a autópsia.

A publicação do Facebook que afirma que o Infarmed “suspeita de reação adversa” no caso da criança de seis anos que morreu no Hospital Santa Maria

O Hospital de Santa Maria notificou o Infarmed e a Direção-Geral da Saúde (DGS) do sucedido, tendo o primeiro confirmado a receção da “notificação de suspeita de reação adversa” na segunda-feira seguinte, 17 de janeiro — dia em que o post em análise foi feito. O hospital adiantou ainda que a notificação se encontrava “a ser tratada pelo Infarmed, em conjunto com a Unidade Regional de Farmacovigilância de Lisboa, Setúbal e Santarém”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo adiantou na altura o regulador nacional à Agência Lusa, iam a ser recolhidos “dados adicionais por parte do notificador para análise e avaliação da imputação de causalidade, uma vez que, não sendo a aparente relação temporal o único determinante na avaliação da causalidade, é necessário proceder à recolha de toda a informação clínica”.

Especialistas têm sérias dúvidas de que morte de criança no Santa Maria tenha sido causada pela vacina. Engasgamento é uma das hipóteses

Em momento algum o Infarmed confirmou a suspeita de reação adversa à vacina. No momento em que a publicação foi feita no Facebook, dando como garantido que o Infarmed tinha suspeitas de que se tratava de uma reação adversa à toma da vacina, a autópsia — divulgada no início de fevereiro — veio afastar essa hipótese. Como o Observador escreveu, o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses esclareceu que “a morte da criança não foi devido à vacinação contra a Covid-19”.

Antes, o Observador já tinha explicado que o regulador tinha de ser formalmente notificado para avaliar a suspeita, não porque a teoria de reação adversa fosse a mais fiável neste caso, mas porque era uma das possíveis explicações para aquele desfecho, já que havia passado pouco tempo (sete dias) desde a toma da primeira dose.

Várias fontes médicas ouvidas pelo Observador consideraram “estranho” que a paragem cardiorrespiratória tivesse sido originada por uma reação adversa. Há situações, esclarecem, que podem explicar melhor esses quadros clínicos, a começar pelo engasgamento ou a obstrução das vias respiratórias por um objeto. A hipótese de um efeito secundário fatal à vacina pediátrica da Pfizer/BioNTech é possível, mas improvável, explicaram.

Conclusão

O Infarmed não confirmou a suspeita de reação adversa à vacina contra a Covid-19 no caso da morte de uma criança de seis anos no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, no dia 16 de janeiro. O que foi confirmado foi a receção da notificação de suspeita enviada pelo hospital para o regulador e a Direção-Geral da Saúde. O caso esteve sob investigação, acabando a autópsia porn concluir que a morte não ficou a dever-se à toma da vacina.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

IFCN Badge