“2.038 suicídios foram registados hoje após a vitória eleitoral de Donald Trump”, diz uma publicação de 7 de novembro no Facebook. A acompanhar a descrição está uma captura de ecrã com o número, apresentando como fonte o site do programa de prevenção do suicídio da Organização Mundial de Saúde (OMS). Alegações semelhantes circulam noutras redes sociais como o X ou o Instagram.
No entanto, a informação é falsa, disse ao USA Today Tarik Jašarević, porta-voz da OMS. Jašarević disse ao meio norte-americano que a organização não publicou nem publica estatísticas diárias sobre suicídios.
De facto, o site da OMS inclui conjuntos de dados que categorizam as taxas de suicídio por grupo etário, género, país e região, mas não apresenta quaisquer métricas diárias. Ou seja, não há relatos credíveis sobre um número anormalmente elevado de suicídios no dia 6 de novembro por parte de quaisquer outras agências de saúde ou meios de comunicação social.
Embora as publicações citem dados da OMS que não existem para promover as alegações de um pico de suicídios, a verdade é que duas grandes linhas diretas de crise registaram picos antes e depois de 5 de novembro. A linha Trevor Project, que presta serviços gratuitos a jovens LGBTQ com idades compreendidas entre os 13 e os 24 anos, registou um aumento de quase 700% nas conversações no dia 6 de novembro, em comparação com as semanas anteriores. Já a Crisis Text Line, uma organização sem fins lucrativos que presta apoio gratuito e confidencial em matéria de saúde mental através de mensagens de texto e intervenção em situações de crise, também disse aos meios de comunicação social norte-americanos que registou um aumento de mais de 50% nas conversas de pessoas LGBTQ que enviaram mensagens de texto a partir da sexta-feira anterior ao dia das eleições.
Mesmo assim, trata-se de estatísticas relativas a chamadas telefónicas, não de números de suicídios.
Conclusão
A Organização Mundial de Saúde nunca poderia ter anunciado uma subida exponencial de casos de suicídio após a eleição de Trump porque a organização nem sequer reporta métricas diárias. Além disso, não há provas da correlação entre uma estatística publicada nas rede sociais e uma vitória eleitoral de Trump.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.