Desde que em outubro do ano passado o Hamas lançou um grande ataque terrorista contra Israel que os conteúdos falsos sobre este conflito não param de ser difundidos nas redes sociais. Um vídeo de Facebook, que tem surgido em diferentes publicações desta rede social, mostra alegadamente vários soldados israelitas, primeiro acorrentados e depois a serem incendiados pelo Hamas. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa.
Publicação viral alega que vídeo mostra soldados israelitas a serem incendiados. É falso.
Não tem sido um trabalho fácil de fazer: distinguir os conteúdos verdadeiros dos falsos no que diz respeito à guerra entre o Hamas e Israel. Se analisarmos de perto este vídeo, além da legenda que aponta para um alegado ato terrorista contra soldados israelitas, mais nenhuma informação foi acrescentada. Em muitas destas publicações essa legenda surge replicada, sem estar associada a nenhuma notícia ou site credível.
É, por isso, necessário puxar um pouco a cassete digital atrás para se perceber todo o contexto deste vídeo. Utilizando ferramentas de identificação de imagens como o Google Images, chega-se à conclusão de que este vídeo está ligado à Turquia e ao Estado Islâmico. O grupo considerado terrorista por vários países no mundo terá queimado soldados turcos e colocado o vídeo a circular na internet. Encontram-se alguns artigos a partir de 2016 e relacionam-no com o conflito sangrento que decorreu e ainda decorre na Síria.
Estado Islâmico decapita soldado curdo, com novo aviso a Barack Obama
Depois, consultando notícias da altura, é possível encontrar alguns artigos que são fortes indicadores de que estamos, de facto, perante um vídeo bárbaro de 2016 sobre outro conflito que não o que opõe Israel e Palestina. Por exemplo, o New York Post escreveu um texto sobre o vídeo e relembrou que, em 2015, também surgiram vídeos em que o Estado Islâmico incendiavam militares de outros países. Noutra notícia, desta vez da Al Jazeera, também se encontra a descrição do vídeo em causa, onde se fala sobre soldados acorrentados e incendiados pelo Estado Islâmico naquela altura. Em 2014, a mesma prática violenta, mas com protagonistas diferentes: o Observador, por exemplo, chegou mesmo a publicar uma notícia sobre a decapitação de um soldado curdo.
Conclusão
Não é verdade que um vídeo mostre o grupo terrorista Hamas a torturar soldados de Israel. Depois de várias verificações, é possível constatar que este vídeo foi filmado há muitos anos e mostra combatentes do Estado Islâmico a incendiarem soldados da Turquia. Outras publicações credíveis já desmentiram a atualidade deste vídeo. Esta prática macabra foi sendo noticiada em meados de 2014.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
