62 anos depois da Crise Académica de 1962, um dos mais expressivos  levantamentos Estudantis contra o Estado Novo, que esteve na origem do Dia do  Estudante comemorado a 24 de Março, 55 anos depois da Crise Académica de  1969, iniciada após a visita de Américo Thomaz à inauguração ao Edifício de  Matemática da UC e o impedimento do discurso do Presidente da Associação  Académica, Alberto Martins, que despoletou o encerramento da Universidade a 6  de Maio, e 50 anos depois da Revolução dos Cravos (esta não precisa de grandes  explicações certamente).

Décadas depois de todos estes acontecimentos  revolucionários, e muitos outros, herdamos um país refém das próprias políticas  que foi escolhendo. Um país que se preocupa mais com o tipo de logótipo que  representa a República Portuguesa, ou então com que tipo de caneta é que os  Ministros actuais assinam uma folha, do que com o estado decadente da  habitação e os preços inerentes à mesma, ou com o facto de os seus Governantes  nem saberem a quantidade de imóveis devolutos pertencentes ao Estado. Um  país que se preocupa mais com o facto de um actual Ministro ter apanhado uma  bebedeira há uns anos e se ter assumido como homossexual, do que com o  estado miserável do Serviço Nacional de Saúde ou com o facto de existirem quase  dois milhões de portugueses sem médico de família. Um país que se preocupa  mais com o facto de ter deixado de “existir” um “Ministério do Ensino Superior” ou  um “Ministério da Habitação” (como é que nunca ninguém se lembrou que é só  criar Ministérios relativos a problemas estruturais e os mesmo se resolvem? Um  dia quando formar Governo vou criar o “Ministério dos Salários Baixos” e o  “Ministérios das Propinas” e isto vai tudo ao sítio), do que com o facto de existirem  30 mil alunos sem professores atribuídos, alunos estes reféns de políticas  educacionais abomináveis.

Cá por Coimbra é também sentida esta herança de más escolhas políticas, com  uma Associação Académica a cair aos bocados (e não é que desta vez não é só  num sentido figurativo?). Eles realmente prometeram obras estruturais no edifício,  só não prometeram que as iam fazer bem. Com uma Comunidade Estudantil  infectada por esta nova onda de ódio e cegueira político-partidária a que vamos  assistindo com maior preponderância neste novo mundo virtual. Cegueira esta  que vai dando palco a pessoas com ideias e tacticismos políticos que há muito  deviam estar extintos, e que infelizmente para aí não caminham (e que certamente  não será através deste movimento de rotulação que se solucionará, que estes dois  últimos anos sirvam de exemplo…).

Espero poder vir a escrever para este jornal daqui a outros 50 anos, com uma  pequena esperança de que estes problemas estejam solucionados…muito  pequena infelizmente…

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