Segundo o relatório anual de férias dos correios ingleses, acabado de publicar, Portugal é o terceiro país europeu mais barato para turistas, ficando só atrás da Bulgária e da Turquia. Como chegamos ao ponto em que só uma ex-colónia da União Soviética e outra, que nem sequer faz parte da União Europeia, são mais pobres que Portugal, com salários na restauração e no turismo próximos dos portugueses?

Ainda por cima, durante a pandemia, segundo o jornal The Guardian, que relatou esta semana a miséria portuguesa no Algarve, o desemprego subiu 70% e a distribuição do banco alimentar passou de distribuir 20 toneladas de alimentos para 92 toneladas. Como é possível termos uma companhia de aviação do Governo que mesmo agora, com Portugal na lista verde do Reino Uunido, quase nada faz pelo turismo no Algarve?

Somos o único país europeu “gerido” por uma classe sui generis, única no mundo ocidental. O nosso Governo e os cargos de liderança técnica da administração e empresas públicas são ocupados por indivíduos vindos da política, principalmente da Juventude Socialista, sem qualquer experiência profissional nos privados, onde seria preciso apresentar resultados e aproveitar oportunidades. Tais “jotas” não têm capacidades nem técnicas, nem de gestão, se não para trocarem votos internos como forma de vida e autopromoverem-se comentando-se a si próprios nas TVs e nos jornais intimidados ou subornados com dinheiro do Etado. Políticos que são notícia e, simultaneamente, a comentarem eles próprios a notícia, é caso caricato e único na Europa.  Só assim é possível disfarçar que o pensamento “estratégico” destes “dirigentes” vindos da Juventude Socialista consiste em não pensarem em nada, mas imitarem e dizerem sim a tudo o que políticos seniores, igualmente mentirosos e incompetentes, como Sócrates, Vara, Costa ou Cabrita lhes ensinam. É o modelo de gestão “Jota”. Analisemos os resultados dessa gestão na TAP.

Assim que o governo britânico anunciou que as viagens para Portugal seriam autorizadas, incluindo o país na lista verde a partir de 17 de maio, a flexível e bem gerida Ryanair apressou-se a adicionar mais de 135 mil lugares e correspondentes voos para Portugal a preços atrativos, começando logo a encher os aviões e a apresentar resultados de tesouraria. Enquanto a Ryanair não perde uma oportunidade para faturar e voar, transportando o maior número possível de passageiros sempre que o pode fazer, a TAP, mesmo com a tesouraria a acabar e já tendo esgotado os 1,2 mil milhões de euros que lá injetamos em 2020, em vez de se por logo a transportar muitos turistas prefere estar à espera e fazer voar mais 462 milhões euros dos contribuintes portugueses já aprovados por Bruxelas.

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Os dirigentes vindos da JS estão tão viciados em gastar os nossos impostos que não reagem, mesmo quando, de repente, lhes caem no colo, como potenciais clientes, sem concorrência de outros países europeus do Sul, milhões de turistas britânicos sequiosos de sol e centenas de milhares de emigrantes portugueses do Reino Unido, desejosos de regressarem a Portugal e ver as famílias.

O autor destas linhas vive em Inglaterra e marcou logo o bilhete para esta semana, por 10 euros de ida, direto de Inglaterra para Faro, havendo voos diretos da Ryanair a partir de muitas cidades britânicas diretamente para o Algarve. O preço simpático da Ryanair ajuda nos custos adicionais enormes dos três testes obrigatórios de PCR para a Covid-19 para viajar, valendo cada um 100 euros. Quando fui verificar o que a TAP tinha para oferecer, para poder ajudar o turismo em Faro e competir com tais preços, o bilhete de ida mais barato era 800% mais caro, 80 euros, sem sequer ser um voo direto, parando em Lisboa. A TAP não tinha reagido nem modificado o seu plano de preços ou de voos. Continua a não haver voos diretos das principais cidades britânicas para Faro, apesar de tantos potenciais clientes. Nem a jogar em casa a TAP consegue ganhar.

Uma vez que a Ryanair dá lucro e a TAP apresenta prejuízos, como é possível uma diferença de preços tão grande e tanta lentidão na resposta a uma benesse do mercado, quando sabemos que a TAP tem tantos aviões parados na Portela em vez de os pôr a voar do Reino Unido diretamente para Faro?

É que a Ryanair quer aviões no ar e a faturar, com ocupações superiores a 85% em tempos normais, enquanto a TAP prefere ficar sem voar, mas a fazer voar o dinheiro dos contribuintes. Relembramos que a TAP tinha números de produtividade desastrosos mesmo antes da pandemia, de mil passageiros por trabalhador, enquanto as low cost têm 10 mil passageiros por trabalhador.

Perante a sorte da lista verde britânica, a TAP – a  cargo do ex-líder da Juventude Socialista Pedro Nuno Santos e do exdeputado enquanto empregado de Ricardo Espirito Salgado Salgado, Miguel Frasquilho – não soube reagir adequadamente, como fez a Ryanair, que aumentou os voos diretos para Faro.

Os políticos e os seus amigos ou esposas na gestão da TAP, incapazes de perceberem a sua própria mediocridade, afastaram das negociações de reestruturação da TAP, segundo a jornalista Anabela Campos do Expresso, consultores do Deutsche Bank, da Boston Consulting Group e da LinkLaters. Há um ano que estamos à espera de boa gestão e do prometido executivo alemão. Isto, depois do empresário americano e brasileiro David Neeleman, que realmente percebia de aviação, ter sido um dos poucos executivos do mundo da aviação, talvez o único, a lucrar em Julho de 2020, em plena pandemia e ainda sem vacinas, ao ver, sem perceber bem como era possível ter tanta sorte, o jota Pedro Nuno Santos a pagar-lhe 55 milhões de euros do nosso dinheiro por uma batata quente, completamente dispensável.

Ora, Neeleman, além das suas capacidades de gestão, se se tivesse visto obrigado a ficar e lucrar, era um dos ativos mais importantes da TAP. pois graças às suas companhias norte- e sul-americanas constituía um elo importante de ligação granular da TAP desde as principais cidades no continente americano, onde aterrava, até às cidades de destino. O ministro Pedro Nuno Santos, incapaz de perceber a mais-valia desse conhecimento para a TAP e da capilaridade através dos Estados Unidos da JetBlue, só alardeava que Neeleman, ao contrário dele, não estava disposto a pôr mais um euro na TAP a não ser que a administração contivesse despesas e apresentasse resultados e planos para fazer face à pandemia. Claro, Neeleman sabe fazer ganhar dinheiro aos acionistas, Pedro Nuno Santos só sabe perder dinheiro dos contribuintes.

Estes governantes vindos da “jota” não conseguem apresentar resultados, nem com Portugal subitamente na lista verde de viagens dos britânicos desesperados por sol depois de um inverno cinzento. Com os milhões de turistas britânicos, também as várias centenas de milhares de Portugueses emigrantes na Inglaterra são clientes apetecíveis para todas as companhias de aviação, exceto para a TAP ,que vive dos nossos impostos e não planeia mudar de vida. Os 700 milhões de euros que a TAP emitiu em 2019 de dívida não têm, supostamente, garantias do Estado, mas o seu incumprimento aumentará a taxa de juro da República Portuguesa. Ou seja, se for preciso, até para pagar essa dívida da TAP lá estaremos nós, de novo, os contribuintes portugueses. Não voamos na TAP, mas pagamos muito por ela. Este problema de sermos desgovernados por jotas, se não for resolvido, vai continuar a fazer de nós pobres e endividados, sempre a gastarmos dinheiro que não temos ou aquele que a Europa nos vai dando como esmola, eufemisticamente designada de “bazuca.”