Não se engane. As novas ideias são criadas quando conseguem ser pensadas e discutidas livremente e a partir do momento em que se existe uma ideia «correta» a seguir, deixam de surgir novas.

As ideias liberais foram marcadas por PNS, no primeiro debate televisivo com Rui Rocha da IniciativaLiberal, como aventureiras e radicais e a sensação imediata que tive foi a de receio. Receio pelo desconhecido, pelo novo, pelo que é aventureiro. Não será melhor deixar-nos ficar no mesmo sítio uma vez que a aventura e o desconhecido ou melhor, as nova ideias podem ser perigosas? Mexer com a estabilidade é delicado. Mexer com a sociedade nos seus princípios fundamentais é delicado. Mexer com um caminho de longos oito anos assaltados pela guerra e a pandemia ou a inflação é delicado.

Ideias aventureiras são, portanto, um perigo.

Tem sido visível, nos recentes debates políticos, a linha que separa duas formas de governar: aquela cuja ideia afirma que o Estado deve defender as liberdades da sociedade (livre) e aquela ideia em que a sociedade deve depender do Estado ou ser controlada por este quer nos media, nos ideais, na própria liberdade de discutir, nas suas necessidades básicas para viver em paz e sossego.

Há oito anos que Portugal é lentamente conduzido a uma paragem onde não existe espaço para a criação de riqueza e onde as políticas públicas se centram de forma cada vez mais agressiva numa ação distributiva.

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Ora, se para criar é preciso incentivos, olho com alarmismo para este declínio e sufocante fado da contínua distribuição ad eternum que não permite, a quem trabalha, criar riqueza através dos seus próprios meios e de proteger a sua família.

Esta ideia «correta» da paz e do sossego que aparece se o Estado tomar conta de tudo encosta-nos, enquanto sociedade, à parede. Teremos as nossas vozes tidas em conta? Teremos nós algumpeso? Onde se vislumbra a nossa liberdade neste caminho de silvas? Todas as condutas políticas que temem alarmar-nos para as soluções “aventureiras” e criam receio pela transformação são manipuladas in situ por uma minoria bem organizada onde, pouco a pouco, cada um vai entregando a sua voz.

Todos nós sabemos o que acontece quando se entrega a voz a um Estado. É inevitável termos dissabores a baterem-nos à porta de ar asfixiado, ansioso e preocupante se escolhemos esta ideia.

Nestas eleições aperceber-nos-emos daqueles que não se importam de receber comida, casa, saúde ou educação desde que se lhes peça que atuam de certa forma tal e qual os animais enjaulados com acesso a tudo, exceto liberdade.

Não compactuando com absolutamente nada desta forma de viver numa total segurança apinhada de falsa liberdade deixo o meu apelo, enquanto cidadã, ao bom senso, à convicção, à vontade e à determinação.

O caminho difícil é, evidentemente, trabalhoso e sei bem que há quem prefira o fácil e por conseguinte, aquele que não é aventureiro.

Entretanto, a sociedade civil chega um nível inaceitável de estagnação falhando em todos os seus campos de atuação mais fundamentais, bases fulcrais para o seu bem-estar sem conseguir sustentar as suas famílias e elevar-se a um patamar de dignidade.

É preocupante olhar para o real perigo do caminho aventureiro que se assemelha a mais do mesmo. Ideias aventureiras são, portanto, um perigo. Para a democracia.