Os cancros da pele são as neoplasias malignas mais comuns no ser humano e a sua incidência tem vindo a aumentar nas últimas décadas. Apesar de ser o menos frequente, o melanoma maligno é responsável pela maioria das mortes. A vigilância regular por médico Dermatologista é fundamental para a prevenção, a detecção precoce e o tratamento atempado dos cancros cutâneos, sendo que a Dermatoscopia Digital Computorizada (DDC) em particular constitui uma mais-valia reconhecida na avaliação e apoio à tomada de decisão clínica em pessoas com “sinais” e risco aumentado de melanoma.

A exposição à radiação ultravioleta é o principal factor de risco para cancro da pele que pode ser prevenido, sendo recomendável evitar exposição solar desprotegida e prolongada em contexto de actividades profissionais ou de lazer, queimaduras solares ou “escaldões”, assim como frequência de solário. Além disso, algumas características individuais são de risco acrescido para se poder desenvolver cancros cutâneos, nomeadamente ter pele clara ou “sinais” em número elevado e/ou atípicos. O facto de já ter tido outro tumor cutâneo ou história de casos semelhantes na família constitui também um factor de risco importante.

O prognóstico depende do tipo de cancro e da fase em que é identificado, sendo o tratamento mais simples e eficaz quando diagnosticado precocemente. Felizmente, os progressivos avanços científicos e tecnológicos na Dermatologia têm permitido melhorar significativamente os métodos de diagnóstico para detecção de cancros cutâneos, particularmente do melanoma maligno.

A Dermatoscopia é uma técnica auxiliar de diagnóstico de imagem, não invasiva, amplamente utilizada pelos médicos Dermatologistas como complemento à observação clínica. O dermatoscópio é, simplificadamente, um instrumento que acopla uma lente de grande ampliação a um tipo particular de luz, permitindo visualizar e avaliar com maior pormenor e especificidade algumas características e padrões das lesões cutâneas, que auxiliam na distinção entre “benignas” e “suspeitas” ou “malignas”. O primeiro dermatoscópio manual foi criado em 1989, na Alemanha, pelo Prof. Dr. Otto Braun-Falco, tendo surgido desde então muitos modelos, mais modernos e cada vez mais potentes.

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Posteriormente, desenvolveu-se a DDC, que requer a utilização de um sistema tecnologicamente mais complexo, composto por um dermatoscópio integrado e conectado a um computador específico. Esta avançada técnica de diagnóstico não invasiva, totalmente indolor, tem como vantagens a obtenção de imagens digitais ampliadas, com excelente definição, assim como a sua gravação no sistema informático do aparelho, para análise em tempo real e comparativa ao longo do tempo. Permitindo um controlo evolutivo dos “sinais”, este método visa não só detectar com maior precisão e mais precocemente alterações suspeitas de malignidade e aparecimento de novas lesões, mas também evitar remoções cirúrgicas desnecessárias de lesões consideradas benignas.

Embora a técnica de execução da DDC possa parecer relativamente simples, a interpretação das imagens dermatoscópicas digitais é complexa e requer treino e competência específicos, sendo realizada por médicos especializados. De facto, ainda que a sua sensibilidade não seja de 100%, a utilização deste método por observadores experientes aumenta significativamente a precisão do diagnóstico para melanoma maligno.

Na consulta de DDC, além da entrevista clínica para caracterização do risco individual de desenvolvimento de cancro e da observação sistemática de toda a pele, o médico Dermatologista procede ao mapeamento corporal dos “sinais” e ao registo e análise de lesões seleccionadas usando um dermatoscópio digital. Estas consultas são úteis sobretudo para seguimento de indivíduos com lesões cutâneas pigmentadas atípicas e/ou múltiplas, pele clara, antecedentes pessoais ou familiares de melanoma ou que tenham outros factores de risco relevantes, sendo a sua periodicidade variável e ajustada caso a caso. A adesão à estratégia de monitorização proposta é também determinante para que o recurso a este método de diagnóstico seja proveitoso.

(Este texto não foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.)