Os smart devices, como Amazon Echo e Google Home, prometem tornar-se na principal interface entre humanos e computadores na década de 2020. Segundo um artigo publicado na Strategy Analytics, o mercado de smart speakers deve ultrapassar os 103 mil milhões de dólares de vendas ainda em 2019 e chegar a 157 mil milhões de dólares por volta de 2023. Por outro lado, no final de 2018 já existiam mais de 200 milhões de lares com, pelo menos, um interface de voz inteligente. No final de 2023, espera-se que esse número aumente para os 6,4 mil milhões.

Podemos arriscar dizer que os smart speakers serão os novos smartphones. Lembra-se que primeiro iPhone foi lançado em 2007? Ou seja, há menos de 12 anos, um smartphone era algo que nem imaginávamos usar. Hoje, quando nos esquecemos do nosso telemóvel em casa sentimo-nos nus, como se nos tivéssemos esquecido de documentos ou mesmo da carteira. Em pouco tempo, o mesmo se passará com o mercado de aplicações para voz. As marcas que não possuírem esta tecnologia em plataformas como Amazon Alexa ou Google Home vão tornar-se invisíveis para o consumidor, tal como as empresas que atualmente não possuem um web site ou uma aplicação. E, ainda para mais, o foco do novo mercado é justamente os nossos lares, onde passamos grande parte do nosso tempo!

As empresas já perceberam a relevância de um mundo mediado por aplicações de voz. A IKEA, por exemplo, anunciou este ano uma nova divisão de smart homes que cuidará exclusivamente do desenvolvimento de projetos da empresa sueca para a ‘casa do futuro’. Sendo a líder de vendas de móveis e decoração em diversos países, a IKEA é mais do que uma loja de camas e sofás. É uma plataforma usada por mil milhões de pessoas no mundo. De lâmpadas inteligentes a cortinas operadas por comandos de voz, a IKEA posiciona-se para trabalhar com os fornecedores de plataformas de Inteligência Artificial, como a Amazon, o Google, a Apple e a Microsoft, para criar a casa do século XXI.

O desenvolvimento de aplicações de voz irá revolucionar não apenas o mercado de consumo, mas vai mudar a forma como agendamos uma consulta médica, como comunicamos com um serviço de atendimento ao consumidor ou como cuidamos dos nossos idosos. Aliás, longevidade (fazer hiperlink para o primeiro artigo) e smart homes é uma combinação que faz muito sentido do ponto de vista económico e as empresas sabem disso. Elas estão a focar-se num espectro da população que, nas próximas décadas, estará mais tempo em casa, a trabalhar ou aposentadas e com mais tempo para usufruir dos confortos que esta tecnologia pode proporcionar.

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Segundo a eMarketer, nos Estados Unidos apenas 7,3 por cento da população idosa usa uma interface de voz inteligente. Com o tempo, mais e mais idosos e os seus cuidadores poderão usar os smart devices para exercícios de memória, para cuidar da saúde mental, para chamadas de emergências ou simplesmente para lembrar-lhes os horários certos para tomarem os medicamentos.

O desafio dos próximos anos será como criar serviços relevantes e simples de serem usados em interfaces de voz e como integrar os onipresentes ecrãs às conversações. Apesar das vendas da Amazon terem disparado, a Google foi mais rápida e integrou voz em todas as suas interfaces, desde o seu sistema Android para smartphones, passando pelas TVs e chegando finalmente a relógios de pulso. Isso garantiu que os mais de mil milhões de dispositivos com sistema operacional Android são agora capazes de dialogar com o ser humano.

Além destas multinacionais, temos a Apple Siri, a Samsung Bixby e a Microsoft Cortana, entre outras plataformas americanas e chinesas que estão a ser desenvolvidas. Não sabemos qual delas é que terá maior participação no share de conversações dos nossos lares, mas uma coisa é certa: vamos passar mais tempo a falar com objetos inanimados dentro de casa na próxima década.

*Alessandro Barbosa Lima é cofundador do grupo Elife e do BuzzMonitor

Este texto insere-se na série de artigos de opinião denominada “Stranger Topics – Tendências para a década de 2020”, desenvolvida pela Elife – empresa pioneira em inteligência de mercado e gestão de relacionamento nas redes sociais. Cada texto é relativo a uma de oito tendências digitais que a empresa definiu, com base numa perspetiva otimista para a próxima década.