Em Portugal há um festival de cinema único, que se dedica exclusivamente à exibição de filmes de temática ambiental. Organizado pelo município, o CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, decorre em Seia, anualmente em Outubro desde 1995, tendo completado a sua 25ª edição neste ano de 2019. O festival fez o seu percurso ao longo de um quarto de século e hoje constitui uma referência no quadro de festivais internacionais de cinema de ambiente, integrando uma rede de mais 39 certames desta natureza espalhados pelo mundo, o Green Film Network.

Cumpre um serviço público na região de Seia e serra da Estrela, pela realização do festival e mobilização de públicos, mas também no país, como o festival de cinema de ambiente de Portugal, ao dinamizar uma vasta rede de extensões ao longo do ano, em mais de 40 cidades, para o público geral e escolar.

Ao longo desta trajetória de quarto de século, o evento que se assume igualmente como movimento em prol de mudança de hábitos, reafirma a importância do cinema como ferramenta fundamental na promoção dos valores ambientais.

Neste contexto, importa sublinhar a importância do cinema enquanto ferramenta que permite partilha de conhecimento, assim como área de fornecimento de pistas de aprendizagem capazes de abrir portas à reflexão. Que levem a questionar, a inquietar e a operar mudanças de comportamento, sobretudo quando falamos de cinema como recurso educativo. E aqui, entra em linha de conta, a importância de problematizar estratégias de linguagem, operadas em filmes eco-ambientais, de cariz educacional.

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Filmes, enquanto objetos artísticos e ferramentas pedagógicas, capazes de demonstrar a importância das artes para mudanças de paradigmas nas sociedades contemporâneas. Neste caso concreto das questões de ambiente e sustentabilidade, o contributo tem sido decisivo, à medida do leque de intervenção. Das inúmeras sessões realizadas e dos públicos mobilizados, seja nos auditórios, nas escolas ou outros espaços alternativos, em reforço constante da ação e missão.

A confirmação de alguns fenómenos como as alterações climáticas, as ameaças à biodiversidade, o esgotamento de recursos, entre outros, colocaram na agenda mundial a tomada de consciência da crise ambiental de carácter global.

Em face destas ameaças cada vez mais presentes, nos atropelos aos valores ambientais e de sustentabilidade, emerge por isso, o imperativo de mudança. De um modo geral e de forma simplista, o foco coloca-se sobretudo na necessidade de redução de uso de plásticos, na redução de consumo de carnes e outros alimentos compostos, e de uma maneira geral na redução da emissão de gases com efeito de estufa provenientes de industrias, transportes, agricultura ou resíduos.

Neste contexto, além da difusão do gosto cinematográfico, o cinema ambiental tem sido um instrumento primordial na promoção da educação ambiental junto do universo escolar. Pequenos contributos para a formação de cidadãos mais esclarecidos a nível ambiental, na busca de melhores condições de vida na nossa “casa comum”, a que também chamamos planeta.

A tudo isto, junta-se o “efeito Greta Thunberg”, que tem despertado a opinião pública, os governos e as instituições e sobretudo os jovens à escala mundial, agitando consciências para o imperativo de mudança nos nossos hábitos diários e necessidade de políticas capazes de inverter o flagelo apressado do aquecimento global a que assistimos.

Por tudo isto, tudo é pouco e o cinema é o muito que nas artes se pode dar, numa causa que nos mobiliza a todos.

Seia, 20 de Dezembro 2019