Então diz que a Índia quer mudar de nome? Parece que o agora mais populoso país do mundo quer passar a chamar-se Bharat. Não acho genial, confesso. Se me tivessem pedido opinião teria sugerido Fernanda. Ou, como segunda hipótese, Recheado com Castanhas. À primeira pode parecer um nome estranho para país. À segunda também. À terceira continua a ser esquisito mas, se forem um bocadinho persistentes, verão que à décima sétima faz todo o sentido. Porque imaginem que a ex-Índia se qualifica para o Mundial da FIFA em 2030. Seria uma oportunidade única de desfrutar de um Peru-Recheado com Castanhas em pleno relvado do Estádio da Luz. Desde a mega-feijoada na Ponte Vasco da Gama que não se organiza uma tainada assim.
E, já agora, metíamo-nos na fila indiana, logo atrás do indianos, e mudávamos também o nome de Portugal. E, tumba!, num instante passávamos a ser a Dinamarca. Ou, se não quisermos ser tão lambões, a Irlanda. Já bem bom. Agora, se quisermos um nome que case melhor com a personalidade da nação, o melhor seria ir pela mesma lógica aplicada na Índia. E, nesse caso, em vez de chamarmos a Portugal, Bharat, chamávamos Absurdament Exorbitant.
Atenção, eu estou a brincar com isto de mudar o nome a Portugal, mas não estou a brincar com isto de mudar o nome a Portugal. Porque vi a actuação do PSD, ontem, na Assembleia da República, a abster-se na moção de censura ao governo apresentada pelo Chega. Se estamos à espera do maior partido da oposição para que algo mude, mais vale irmos logo ao registo com o país para lhe trocar o nome. E, de caminho, passa-se pela sede do PSD para fazer como se faz com os senhores idosos que moram sozinhos: toca-se à porta para perceber se ainda está vivo. No caso em apreço, nem vale a pena esperar pela resposta. É ligar logo para a Servilusa.
O país está órfão do maior partido da oposição, mas felizmente temos um Presidente da República atentíssimo a tudo o que se passa. Desde que tudo o que se passa se passe dentro de decotes generosos, claro. Aí nada escapa a Marcelo. Quer dizer, é possível que esteja a ser um pouco injusto. Pode perfeitamente ter sido o caso de Marcelo nem ter reparado nos seios da jovem luso-descendente com quem se cruzou no Canadá. É até muito provável que o Presidente tenha focado toda a sua atenção, não nos seios, mas no colo da jovem. Ou seja, na parte superior do peito, acima dos seios. O colo. Tenho, aliás, quase a certeza que Marcelo pensou: “Olha que colo tão estupendo, hein. Fez-me mesmo lembrar o colinho que tenho dado ao governo do Costa. Há coisas muito giras em termos de colos.”
E quando se julgava que ao nível dos peitos estava tudo visto na visita do Presidente ao Canadá (ou quase tudo, que o decote da jovem não era assim tão, tão generoso), eis que Marcelo arranca, do fundo do peito, este pedaço de poesia dedicada às comunidades emigrantes portuguesas:
“Mostraram o que nós somos: evidentemente, nós somos fado, somos bacalhau, somos caldo verde, somos cozido à portuguesa, somos o vira e o corridinho e o fandango. Somos tudo isto, temos uma alma. Somos Cristiano Ronaldo.”
Diz que Pedro Abrunhosa levou um bocado a peito a apropriação, por parte do Presidente, da sua famosa “técnica” de criação de “poemas” à base de juntar palavras à balda, sem qualquer nexo.
E do Canadá, Marcelo seguiu para a sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, onde encontrou António Guterres. Diz quem não ouviu, mas podia perfeitamente ter ouvido, que os dois encetaram o seguinte diálogo:
Guterres: Então, Marcelo? Andaste lá pelo Canadá a mirar seios?
Marcelo: Já viste isto, António? Tanta agitação, tanto alvoroço, só porque mostrei preocupação com a saúde daquela jovem, desagasalhada num dia tão frio e tão chuvoso.
Guterres: É como eu estou farto de dizer, Marcelo, estamos na era da ebulição.
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