1. Visto de Londres é ainda, se possível, mais perplexizante: na rua é (quase) como se tudo ocorresse noutro país, (sendo certo que se depara com casas e lojas para vender, ou comércio a fechar). E nas instâncias políticas é como se todas as saídas de emergência estivessem fechadas, com Bruxelas ao fundo. O naipe político que carrega ás costas com o Brexit, desavindo e hostil, só aparentemente está dividido ao meio. É bem mais complicado que isso, quem os ouça, ouve muitas vezes opiniões que diferem dentro do mesmo campo, que variam, oscilam, hesitam, avançam, recuam, numa obsessiva coreografia política que parece não ter fim. Quantos erros tiveram que ser cometidos para chegar a este aparatoso encalhe da Grã-Bretanha nela própria?
Apetece não lhes perdoar o trabalho que nos dão, o prejuízo que ninguém nos pagará, as trapalhadas de toda a sorte que nos afligirão individual e colectivamente em Portugal. Não é porém ( a vida esta cheia de “poréns”) senão este “nos” que nos obriga a “remain”: a ficar de nariz colado á montra desta “sad story” até ela acabar (?), de tal modo uma parte considerável do nosso futuro depende dela. Dos comportamentos e decisões dos seus extraordinários e oh quão irregulares diversos protagonistas, com o leve Cameron no front row — ainda se lembram que foi ele quem abriu esta pesada caixa de Pandora?
O ar está carregado de palavras que estão sempre a ir e a voltar sem sair do mesmo sítio e o país parece enrolado num fio que nunca será capaz de o “desatar” de vez da União Europeia. Enquanto (em vão?) se espera por bondades remetidas de Bruxelas, vão-se descendo degraus sem que ninguém possa dizer quando se chega ao fim da descida, ou se no fim da escada estará um limbo ou o inferno. Em qualquer caso, estará outra vida.
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