Sexta-feira, no Público, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda assina um artigo de opinião sobre a situação corrente na Venezuela. Nele, Pedro Filipe Soares remete o futuro do país para “eleições gerais livres” e “sempre pela via pacífica”, mas rejeita Juan Guaidó, considerando-o “um ator” ao serviço de Donald Trump.

Sem qualquer tipo de hipocrisia, simpatizo com o apelo feito pelo líder parlamentar do Bloco de Esquerda: é verdade que o povo venezuelano não deve ser um “peão esquecido” entre os equilíbrios da arena diplomática. Num mundo em que a ordem ocidental vive uma crise de credibilidade, permitir a repetição de ingerências na América Latina seria uma machadada autoinfligida e pouco prudente. Mas gostaria de acrescentar que povo venezuelano também não deve ser um “peão esquecido” entre os caprichos ideológicos da nossa política interna.

Para o centro-direita, seria descortês ignorar o recente ensaio de moderação do BE, notavelmente exposto no editorial de hoje escrito por Ana Sá Lopes, em que se afasta de tal modo da esquerda ortodoxa que Pedro Filipe Soares termina o seu texto com críticas a um líder da União Soviética. Quiçá, agora que abandonaram a adolescência partidária, e eu sei bem o que custa chegar aos 20’s, consigam deixar a preferência por um debate político reduzido “à dualidade dos bons e dos maus, do ‘nós’ e ‘eles’”, como apontou o líder parlamentar bloquista.

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