Uma pessoa que complete seus estudos escolares terá estudado matemática durante mais de 10 anos. Geografia e história não ficam muito atrás. Física e química são estudadas por pelo menos 3 anos. Depois, na Universidade, será a vez de outros assuntos serem estudados a fundo. No meu caso, foram 5 anos de Direito Civil, 4 anos de Direito Penal, 3 anos de Direito Administrativo, entre tantos outros.

E há outros temas sobre os quais não estudamos, mas acerca dos quais muita gente nos aconselha. Gravidez e filhos são o melhor exemplo. Todos têm uma profunda e (frequentemente não muito) bem sucedida experiência para compartilhar. Ademais, livros e mais livros, blogs e mais blogs, se propõem a explicar detalhadamente como ter um suposto sucesso nessas empreitadas.

Mas, por alguma razão, sobre o tal do casamento ninguém explicada absolutamente nada. Fora meia dúzia de conselhos das nossas mães, dois ou três conselhos de um padre que nunca foi casado e um ou outro livro sobre cuidar das finanças a dois, nada nos é ensinado nesse sentido. Me pergunto, então, se isso acontece porque, na verdade, ninguém sabe como fazer isso dar certo.

Assisto aos primeiros anos de casados dos meus amigos como se assistisse a um episódio de Game Of Thrones: quem será que perde a cabeça hoje? É impressionante, não há nenhum dia sem acompanhar problemas, angústias, dúvidas, brigas. E não importa se é Brasil ou Portugal, se são homens ou se são mulheres, se são hetero ou homossexuais. Está todo mundo totalmente perdido.

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E o mais curioso é que quase todos pensam que o casamento deles é o único a enfrentar problemas. Na era do Instagram, todos estão lindos e sorridentes, posando abraçados num pôr do sol na praia. Mas se formos olhar por trás dos bastidores, não está fácil para ninguém. São verdadeiros castelos de cartas.

E é realmente difícil harmonizar humores, vontades, horários, prioridades, paladares, contas bancárias, valores, famílias… Não tinha como ser fácil. Não há fórmula, não há manual. Deve ser por isso que ninguém nem tenta nos ensinar nada. Mas alguns conselhos seguem sendo úteis. Paciência. Cooperação. Empatia. Afeto. Honestidade. Cuidado. Respeito. Na verdade, esses são aqueles conselhos úteis para qualquer coisa na vida.

O fato é que todos nós somos lançados para dentro de casamentos sem saber direito como gerir a situação. Quase como se nos colocassem na cabine de um avião e nos mandassem pilotar sem qualquer capacitação para isso. Uma hora a gente pega o jeito. Mas frequentemente é o jeito errado. Seguimos batendo cabeças e dando murros em pontas de facas. Outros nem chegam a pegar o jeito. Desistem antes disso. Será por isso que um em cada três casamentos termina em divórcio?

E pensar que todos os casais encaram desafios e instabilidades, é algo que ao mesmo tempo nos ajuda e nos atrapalha. Ajuda porque é reconfortante saber que não somos os únicos. Atrapalha porque nos dá a noção de que não há ninguém que possa nos entregar a sonhada fórmula mágica para que tudo passe a dar certo do dia para a noite.

No fim das contas, talvez a única resposta certa seja o tal do amor. É a única coisa que salva no fim do dia. É (em geral) a razão que levou as pessoas a se juntarem e costuma ser a razão pela qual elas não vão embora. Tem gente que confunde amor com romance, amor com paixão, amor com incondicionalidade. Aí costuma dar errado. Amor é outra coisa. Essa outra coisa que faz com que a gente fique, mesmo quando há ronco, divergência, sapatos no caminho e cansaço.