Vocês não vão acreditar nisto. Eu fiquei de queixo caído, quando li a notícia, anteontem, e ainda não consegui voltar a fechar a matraca. Já agora, se alguém puder dispensar um daqueles aspiradores de dentista, agradeço. Que estou vai para 48 horas de boca aberta, a babar-me mais que um buldogue inglês após completar uma prova do Ironman. Irondog, aliás. Mais umas horas disto e tenho o vizinho de baixo a bater-me à porta por causa de infiltrações no tecto.

Então não é que, segundo o departamento de energia dos Estados Unidos da América, o vírus que deu origem à pandemia de Covid-19 teve origem numa fuga de um laboratório no Instituto de Virologia de Wuhan?! Mas como assim? A quem poderia ter ocorrido que um vírus que, na imensidão da China, decide aparecer na exacta localidade onde há um instituto onde se brinca a produzir este tipo de vírus, pudesse ter tido origem nesse exacto laboratório?

A toda a gente. Toda a gente percebeu, logo, que o vírus surgiu no Instituto de Virologia de Wuhan. Toda a gente, calma. Toda a gente, menos aquela gente que trabalha em organismos oficiais cuja obrigação era descobrir de onde vinha o vírus. E também menos aquela gente que trabalha em orgãos de comunicação social cuja obrigação era desvendar o que aqueles cuja obrigação era descobrir de onde vinha o vírus andavam a encobrir.

Ou seja, tirando aqueles que tinham obrigação profissional de saber de onde surgiu o vírus, e aqueles outros que tinham obrigação profissional de escrutinar os primeiros, ninguém papou a história de que o coronavírus apareceu no exacto momento em que um qualquer chinês de Wuhan papava a sua gulosa sobremesa de morcego-da-fruta.

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Quer dizer, não atribuamos à incompetência o que pode ser explicado pela sinalização de virtude. Porque a verdade é que seria extremamente racista e xenófobo atribuir à China a culpa por um pandemia que surgiu na China e que a China tudo fez para ocultar do resto do mundo. Isto até a contagem de mortes avançar mais rápida do que naquela cena do Body Count no clássico Ases Pelos Ares 2 (Ah, pois. Se são referências eruditas o que buscam, estão no sítio certo).

E mais ou menos a propósito de partes 2, parece confirmar-se que no próximo 25 de Abril teremos a discursar na Assembleia da República o reeleito presidente do Brasil, Lula da Silva. Tendo causado alguma polémica, a mim, este convite sabe-me a lufada de ar fresco. Se de Espanha não vem bom vento, já do Brasil vem boníssima brisa. Fartos de ver discursar no Parlamento políticos que, mais tarde, vai-se a ver e são suspeitos de corrupção estamos nós. Enfim, teremos oportunidade de ver discursar na Assembleia um político confirmadamente acusado de corrupção. Ao fim de quase meio século de democracia, já merecíamos, que diabo. E a nossa democracia também.

Portanto, a partir de agora estamos em contagem decrescente para o grande dia em que Lula da Silva discursará nas cerimónias oficiais do 25 de Abril. Contagem decrescente, essa, que pode também ser utilizada para assinalar o exacto momento em que daremos mais um passo gigante e decisivo rumo à Vezenuela.

Um momento que, em termos de prestígio, ombreará com a visita, em 1987, da então deputada italiana, Cicciolina, que exibiu os seios – era uma coisa que ela não conseguia evitar fazer, devia ser uma condição médica, ou assim – em pleno hemiciclo. Quer dizer, pensando melhor, ao pé do que se prepara para o próximo 25 de Abril, a visita da Cicciolina nos anos 80 foi classe. Ao nível do Lula a discursar nas comemorações do 25 de Abril, só mesmo a Cicciolina voltar ao nosso Parlamento, para voltar a exibir os seios. Mas agora aos 71 anos. Enfim, é melhor não dar ideias.