Pedro Nuno Santos disse a todos os portugueses que não sabia sobre a indemnização da TAP a Alexandra Reis. Mesmo assim, demitiu-se das funções de ministro, aparentemente assumindo a responsabilidade política sobre o episódio. Foi elogiado por muitos camaradas socialistas pela sua “coragem” e “sentido de responsabilidade.”
Afinal, tal como o seu grande rival Fernando Medina, PNS também tem graves problemas de memória. Semanas depois de ter abandonado o governo, PNS lembrou-se que tinha dado a sua autorização informal para o pagamento da indemnização. A autorização foi dada num grupo do Whatsapp.
Este caso é extraordinário. Uma antiga secretária do Estado, ou ministra (irrelevante) do PS, chamada Alexandra Leitão, diz que “acredita que PNS teve um lapso de memória.” A ingenuidade da camarada de PNS emociona. Como é que alguém tem “lapsos de memória” sobre uma indemnização de meio milhão de euros, na companhia mais importante tutelada pelo antigo ministro, e num caso que dominou as notícias durante semanas. Caros socialistas, não tenham medo da verdade: PNS saiu do governo a mentir aos portugueses. A verdade, afinal, estava escondida no Whatsapp e a confissão da mentira demorou cerca de três semanas.
Além de mentiroso, PNS sofre de uma ligeireza absoluta no modo como toma decisões sobre matérias importantes: num grupo do Whatsapp. Todos nós estamos em grupos de Whatsapp com amigos, onde combinamos actividades sociais, como almoços, jantares e festas. Ora, Portugal tinha um ministro que tomava decisões muito relevantes pelo Whatsapp. Mostra não só a irresponsabilidade de PNS, como o modo como muitos no PS tratam o Estado e o governo. É a propriedade socialista governada entre amigos do Whatsapp. Haverá outros membros do governo de Costa a tomar decisões pelo Whatsapp? Será este o governo do Whatsapp?
Apesar do episódio do Whatsapp, ainda há quem acredite que PNS será o líder do PS. Bom, a concorrência não parece ter muita qualidade. Qual é o português que não gostaria de ver o Whatsapp de Medina? O PS também nos tem habituado a líderes de qualidade muito duvidosa. Um partido que foi liderado por Sócrates pode eleger PNS. Portugal é que não pode ter um PM como PNS. É provável que, apesar do Whatsapp, PNS seja mesmo o próximo candidato do PS a Primeiro Ministro. Convém que os portugueses não se esqueçam do modo como PNS saiu do governo, e que a oposição tenha a capacidade para o recordar. Portugal não pode voltar a ter um PM que mente em público e que, além disso, toma decisões pelo Whatsapp.