As temáticas em torno da diversidade, equidade e inclusão (DEI) estão cada vez mais presentes na sociedade e, consequentemente, tendem a ser questões cada vez mais debatidas e uma preocupação crescente nas empresas. Dentro do “chapéu” do DEI, a paridade de género é uma das questões fundamentais e um dos maiores desafios na área das TIC. A igualdade entre mulheres e homens é um princípio fundamental da Constituição da República, sendo a sua promoção uma tarefa que deve estar na prioridade do Estado, mas também de todos os intervenientes na sociedade que o constitui.

Especificamente na área de TI, a presença das mulheres e a diversidade em geral é fundamental para garantir que os serviços produzidos estão direcionados a todos os beneficiários finais.

Concretamente na questão do género, embora estejamos a assistir a uma evolução enquanto sociedade, e apesar de as mulheres terem sido as primeiras a trabalhar e contribuir para o desenvolvimento da área – recordemos Ada Lovelace, amplamente reconhecida como a primeira programadora de computadores –, o desenvolvimento das funções na área de TI levou à instalação de estereótipos que rotularam a profissão, considerada hoje como “masculina”. Isto é especialmente visível nos países ocidentais. Em 2021 atingimos o número mais elevado de mulheres diplomadas na área das TIC em Portugal, com 1638 mulheres diplomadas (PORDATA), passando agora a barreira dos 20%, considerando o total de diplomados na área –, pelo que os homens continuam a marcar uma presença mais notória no setor. Segundo dados do Eurostat, em 2020, os homens representavam 81% das pessoas empregadas no setor, em Portugal, sendo apenas 19% mulheres.

Como a mixidade começa a ser tangível a partir dos 30%, podemos concluir que são necessárias medidas específicas para aumentar o número de mulheres nas TI. A representação importa, e é também devido ao recrutamento e à inclusão das mulheres em todas as áreas de uma empresa ou setor que conseguimos atrair talento feminino e promover a equidade de género.

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Nas áreas de STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics), criar um ambiente inclusivo passa, em grande parte, por promover iniciativas direcionadas às mulheres. São necessárias medidas que promovam a sinergia entre géneros, através de programas de mentoria e planos de carreira personalizados e ajustados a cada perfil.

Uma empresa inclusiva deve ter em mente que o compromisso com a diversidade, equidade e inclusão deve refletir-se em tudo o que faz, nas iniciativas em que participa e na forma como trata e dá poder aos colaboradores, sem barreiras ou preconceitos. As organizações têm a responsabilidade de promover iniciativas que ofereçam desenvolvimento pessoal e profissional aos seus colaboradores, fomentando assim o talento e reforçando as capacidades individuais.

Hoje, o desafio das DEI passa sobretudo por um desafio de liderança: liderar com o objetivo de ser uma empresa reconhecida pelos seus valores no ecossistema empresarial, dentro e fora de fronteiras; liderar de forma a contribuir positivamente para o trabalho de cada um, sem limitações ao nível do género, idade ou etnia, e apoiando o desenvolvimento coletivo, mas também o individual; liderar para gerar o bem-estar nos colaboradores e contribuir para um real work life balance. Ao mesmo tempo, não nos podemos esquecer que os desafios relacionados com as DEI tendem a ser cada vez mais complexos, sendo uma necessidade que as empresas tenham recursos humanos e operacionais capacitados para responderem aos novos desafios.

O certo é que a diversidade, equidade e inclusão devem ser valores comuns a todos, enquanto sociedade, com a consciência de que são fatores que potenciam o desenvolvimento como um todo. Com estes valores “enraizados” na cultura passa a ser mais fácil transpô-los (verdadeiramente) para as organizações, sem serem apenas uma questão considerada para o preenchimento de quotas.

Por Manuela Rosa, Corporate Social Responsibility lead Portugal, CGI

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõem o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.