Há dias, prestes a começar um novo ano escolar, a propósito da definição em departamentos disciplinares de critérios de avaliação decorrentes do Perfil dos Alunos e da chamada “flexibilidade curricular”, um colega professor comentou: “lá vamos nós partir pedra mais uma vez”. Dei comigo a pensar que tenho participado, desde os anos 80, em ações de formação para professores onde são dadas orientações sobre como ensinar, como avaliar e como inovar. Em suma, andamos a inventar processos, metodologias e instrumentos, em muitos casos já inventados, já testados, e até, nalguns casos, abandonados.
Muitas vezes somos tratados como se não soubéssemos ser professores, como se não tivéssemos lido nada sobre educação, sobre como ensinar, sobre a aprendizagem, como se não tivéssemos reflexão e prática de trabalhar com alunos, de promover a sua aprendizagem e de avaliar o seu progresso.
E desde o princípio sempre me intrigou um aspeto essencial: os conteúdos desenvolvidos nessas ações de formação deixam de lado, com muita frequência, os critérios e a prática de avaliação. Lançam muitas ideias sobre motivação, sobre metodologias de promoção da autonomia dos alunos, sobre autoavaliação, sobre modelos de avaliação por competências, mas não especificam nem apresentam práticas e exemplos concretos de formulação de critérios e instrumentos de avaliação experimentados e com sucesso. Parecem querer transformar-nos a todos em professores “inovadores”, como se fosse legítimo transformar os nossos alunos em cobaias permanentes de experiências pedagógicas. O critério da qualidade está normalmente ausente.
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