Nunca o país precisou tanto das suas empresas, nunca as empresas precisaram tanto dos seus profissionais e nunca os profissionais precisaram tanto de qualificações para responder-lhes. É neste ponto ímpar da economia e sociedade globais que se reforça a importância do Ensino Superior, que nunca foi tão necessário como agora para garantir o futuro – o dos profissionais, o das empresas, o do país.

É da mais elementar responsabilidade das instituições de Ensino Superior manterem-se como a base sólida do pilar da inovação pelo qual a nossa economia tanto clama. Para isso, devem inevitavelmente chamar essa inovação a si e continuar a atualizar-se em todos os sentidos: em formatos, em conteúdos, em competências, em experiências. Esta será a garantia, por um lado, de que estamos a capacitar o nosso capital humano para enfrentar de forma competitiva, inteligente e assertiva as novas exigências globais. Por outro, será a certeza de que estamos lado a lado com a atual geração que chega às nossas salas de aula, cada vez mais digital e comprometida com o equilíbrio entre carreira e vida pessoal.

Ao nível dos conteúdos, é necessário continuar a reorganizar e atualizar currículos sem torná-los estanques, mas antes o produto do contacto próximo com as empresas, para que a sua realidade inspire a formação que prestamos. Por exemplo, se vivemos uma era em que as empresas são tecnológicas e digitais (algumas, a 100%), a digitalização não pode ser encarada nos currículos como uma tendência – tem de ser uma exigência.

Sobre a forma de ensinar, sabemos já que o futuro será marcado por modelos híbridos e mais flexíveis, mas há mais a fazer. É preciso ainda reforçar a componente prática e o saber fazer, trocar a exposição pela partilha e aliar o conhecimento académico ao trabalho das competências. Criatividade, liderança ou comunicação não são apenas palavras a somar num currículo, são de facto capacidades que merecem atenção e trabalho para tornar estudantes em profissionais capazes de acompanhar a velocidade a que o mercado de trabalho se adapta e reinventa.

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Por último, mas com tanta ou mais importância, relembremos que as novas gerações procuram experiências e que o mercado as aplaude nos processos de recrutamento. Devemos, por isso, garantir que o Ensino Superior proporciona uma formação completa e enriquecedora, tanto ao nível profissional como pessoal.

Neste campo, é prioritário o reforço da internacionalização, com oportunidades de mobilidade para estudar ou estagiar, ao longo de todo o curso e não apenas no final. Recorde-se que, em 2018, um estudo da Comissão Europeia que abrangeu 8.000 inquiridos entre os 15 e os 30 anos mostrava que 90% consideravam importante (metade destes, dizia mesmo ser muito importante) que os jovens tivessem uma experiência internacional. Descobrir novas culturas e hábitos, tornar-se mais independente e desenvolver novas competências foram os benefícios mais destacados pelos inquiridos portugueses que já participado num programa de mobilidade.

Todo este caminho de renovação está já a ser trilhado pelas instituições para que o Ensino Superior continue a ser a opção de milhares de estudantes em todo o país. Sobretudo, daqueles que, nos dois últimos anos letivos, perderam grande parte da experiência académica com que sonharam. É altura de não perder mais tempo, mas, sim, de recuperar o tempo perdido, investindo num futuro profissional qualificado e diferenciador.

Diretora-geral do ISAG – European Business School

‘Caderno de Apontamentos’ é uma coluna que discute temas relacionados com a Educação, através de um autor convidado.