Refletir sobre a Educação à luz do século XXI requer, da parte de todos nós, uma abertura de pensamento e uma visão crítica e reflexiva à volta do mundo que temos e do mundo que desejamos ter. É nesta atitude de compromisso assente na base deste pensamento construtivo que faz sentido apurar a nossa sensibilidade a tudo quanto nos foi dado receber em termos de educação, tentando diagnosticar de que forma esse manancial de formação e conhecimento nos coloca perante a vida e perante os outros.

Fazer um exercício de memória recuando no tempo, talvez nos ajude a ser capazes de refletir como o ensino e a Educação em Portugal foram evoluindo, face a um mundo em permanente transformação. Por outro lado, também nos poderemos deixar levar pelo desafio de pensar de que forma essa evolução influenciou a dinâmica das diferentes gerações.

De um ensino baseado no esforço, no permanente apelo à memorização e à repetição, mais visto na perspetiva da “cabeça cheia”, a tudo quanto nós vamos buscar, mais assente no testemunho do livro despido da imagem atrativa (não desprestigiando o seu incondicional valor) passamos pela via da proliferação tecnológica que se tem revelado de uma forma exponencial e que hoje se pode considerar um permanente desafio e uma verdadeira enciclopédia, agora vestida de imagens e de conteúdos, capazes de seduzir qualquer um, a cada instante.

Fará, pois, todo o sentido analisar hoje as problemáticas educativas num contexto mais amplo, onde não basta a informação, mas sobretudo o conhecimento decorrente do acesso a essa mesma informação.

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Partindo destes pressupostos, cruzam-se então vários mundos paralelos que talvez valha a pena (re) pensar dada a sua relevância em matéria de educação. Aquele mundo que privilegia a Pessoa enquanto ser único e singular, aquele que privilegia a qualidade do conhecimento e aquele que não sendo menos importante, nos coloca face aos desafios de uma sociedade progressivamente mais exigente, mais competitiva e mais ávida de saber.

Quem somos então, o que podemos vir a ser e como nos posicionamos face às inevitáveis mudanças e à própria brevidade do tempo, cuja verdade do minuto que passa, se pode pôr em causa no minuto imediatamente a seguir?! Talvez pequenos demais, face a este desafio avassalador, talvez grandes demais, face a uma ambição desmedida de ir tão longe quanto possível, sem olhar a meios nem a fins!

E nada disto se compadece, então, com marasmo, apatia ou indiferença, mas antes numa dimensão de proatividade constante, que implique um esforço conjunto de todos os agentes educativos, como seres “aprendentes” capazes de se impulsionar a si próprios e de motivar e provocar outros, numa perspetiva desafiadora de crescimento e desenvolvimento coletivos. Formamos cada vez mais para um futuro incerto, para o vazio da expectativa, para o sonho sombrio que parecia não ser possível vir a desenhar-se. E é a esta incessante inquietação, e busca de respostas,  que o nosso pensamento não se pode alhear, que nos devemos centrar face à educação e à sociedade do futuro.

Pensar a Educação requer a necessidade de aproximar cada vez mais a Escola da Sociedade, na perspetiva de fomentar a capacidade crítica à volta dessa mesma sociedade, sem deixar de alertar para uma verdadeira liberdade responsável, na intenção de desenvolver diferentes formas de olhar o mundo, face aos contornos tão complexos que este mesmo mundo incessantemente nos retrata. A informação deve, deste modo, dar um salto significativo para o patamar do conhecimento, sob pena de ficar refém de uma ausência de atitude crítica e de um saber desconstruído a tudo quanto, só por si, pode comprometer a desejável mudança e inovação.

Há que investir então em novas e diferentes maneiras de olhar, contribuir para ajudar a apreciar aquilo que não se aprecia, o mesmo que dizer ajudar a aprender a gostar mesmo daquilo que não se gosta, a partir de um percurso incessante de descoberta e curiosidade. Deste modo, não conta apenas o saber, mas também o valor de compreender o que se sabe, bem como a melhor forma de o aplicar ao quotidiano de cada um.

E porque tudo isto requer união de esforços, torna-se insubstituível a Família, insubstituível a Escola e insubstituível a Pessoa do Educador e  Professor!