Atualmente é raro encontrarmos uma criança a partir dos 8/9 anos que não tenha TikTok, esta rede social que a partir do momento em que apareceu nos deixou totalmente dependentes dela, em que os 5 minutos passam a ser 2 horas, e acabamos sujeitos a uma exposição excessiva sem sequer nos apercebermos.

Os nossos jovens vivem num mundo virtual e acelerado, uma realidade distorcida que apenas propaga uma quantidade absurda de estereótipos que mais uma vez afetam maioritariamente as raparigas e mulheres, acabando com a sua autoestima, saúde e psicológico. Em 2023 um estudo revelou que 86% dos jovens portugueses admitia estar viciado nas redes sociais, e a verdade é que isto não tem vindo a melhorar. Esta utilização excessiva das redes sociais estimula flutuações de humor, afeta o tempo e qualidade do sono, assim como a alimentação, e compromete tanto as interacções familiares como sociais. Estamos perante uma crise de saúde mental, é urgente a criação de medidas de proteção pois há uma ausência de responsabilização sobre estes efeitos negativos, devido ao facto de não existir qualquer tipo de regulação neste campo.

Claro que é fundamental o reconhecimento dos benefícios da internet, mas chegámos a um ponto extremo em que meninas de 10 anos não se consideram bonitas por não usar um produto viral do tiktok. Há cada vez mais jovens a sofrer de dismorfia corporal e isso de benéfico não tem nada, são mais os conteúdos de beleza tóxicos que encontramos atualmente na internet, do que conteúdo realmente educacional e proveitoso.

Mas aqui surge a questão se a culpa deverá ou não recair sobre os pais que têm cada vez menos tempo para os filhos, acabando por permitir que estes ocupem o seu tempo de outras formas, e mesmo atentos aos vários alertas, nada fazem para proteger o crescimento destes jovens. Como mostra um estudo realizado pela YouGov em colaboração com o TikTok, apenas 33% dos pais utiliza ferramentas de controlo parental online e apenas 25% fala com os filhos sobre a segurança na internet. Os pais não podem dizer sim a tudo, essa permissividade para o uso precoce das redes sociais tem implicações emocionais, sociais e cognitivas e merece a devida atenção não só dos pais como de toda a sociedade.

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Mas afinal qual a razão de toda esta permissividade? Muitas vezes deve-se ao facto de outros pais permitirem que os seus filhos o façam, logo passa a existir uma pressão para os restantes pais fazerem o mesmo para corresponder às expectativas dessa comunidade, outras vezes é apenas pelo facto de vivermos numa sociedade muito digital, e pensar- se que isso poderá ajudar as crianças a integrar-se socialmente ou a desenvolver competências tecnológicas proveitosas para o seu futuro, outras vezes é apenas por falta de conhecimento relativamente aos potenciais riscos associados a isso.

É importante que cada pai avalie individualmente se o seu filho tem maturidade para lidar com as redes sociais e tudo aquilo que estas envolvem, e mesmo que isso se verifique, devem sempre fornecer supervisão e orientação, e até mesmo estabelecer regras como por exemplo limitar o tempo de ecrã diário.

Estamos perante um problema social que precisa de ser resolvido, daí ser necessária uma atuação que inclua políticas que providenciem apoio e instrução às famílias, e que promovam um ambiente favorável à melhoria da saúde mental e emocional.