Ana Domingos, investigadora no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), e Nuno Morais, investigador no Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, foram distinguidos com duas bolsas de instalação da Organização Europeia de Biologia Molecular (EMBO) – EMBO Installation Grants. Estes financiamentos são atribuídos a jovens investigadores para estabelecerem os respetivos laboratórios de investigação em países onde a ciência está em desenvolvimento – Croácia, Estónia, Hungria, República Checa, Polónia, Portugal e Turquia.
A investigadora do IGC está focada em perceber “porque gostamos de açúcar e porque gostamos ainda mais de açúcar quando estamos a fazer uma dieta”. Quando ingerimos açúcar os centros de recompensa são ativados, mas os adoçantes artificiais não ativam estes centros. Segundo os resultados já obtidos pelo grupo de Ana Domingos, a região do cérebro que ajuda a controlar o apetite também está associada ao sistema de recompensa após o consumo de açúcar, revela o comunicado de imprensa. Sem a esperada recompensa, é possível que se continue a comer até a encontrar. Um problema que pode estar na origem de doenças como a obesidade.
Nuno Barbosa Morais pretende estudar de que forma mensagens distintas expressas por cada gene pode condicionar a origem de cancro. Com a quantidade de informação genética disponibilizada por vários estudos e por técnicas diversificadas este grupo pretende integrar a informação para desenvolver métodos de diagnóstico mais precisos e de novas terapias moleculares personalizadas, refere o comunicado de imprensa. “Propomos usar abordagens de biologia computacional para, analisando essa informação, perceber como é que a expressão dos genes está desregulada em cancro e identificar novos marcadores moleculares que permitam, por exemplo, prever qual o potencial de um tumor em gerar metástases e o órgão em que é mais provável que elas apareçam.”
Desde a origem do programa de financiamento em 2006, já foram atribuídas 58 bolsas de instalação, 13 das quais a instituições portuguesas – IGC, IMM e Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da Universidade do Porto. A cada investigador é garantido um fundo anual de 50 mil euros durante um período que pode ir de três a cinco anos. A EMBO disponibiliza-se para apoiar o arranque de um grupo de investigação, desde que a instituiçõ de acolhimento também esta comprometida com o projeto.
Para os investigadores os dois fatores mais importantes deste programa são a flexibilidade do financiamento que lhes permite explorar vias científicas mais arriscadas e a rede de contactos que se cria entre os vários investigadores na Europa. “Mais do que a apenas uma bolsa, a EMBO cria uma ambiente científico que realmente ajuda a investigação”, disse ao Observador Lars Jansen, investigador do IGC que teve bolsa entre 2009 e 2013. “Não teria feito este tipo de trabalho colaborativo sem esta bolsa de instalação.”
Além da rede de contactos que abre a possibilidade a colaborações futuras, Ana Domingos valoriza a reduzida carga administrativa na gestão destes fundos. “Esta bolsa impõe pouco peso administrativo, o que nos permite focar na ciência, dando a liberdade e os meios para realizar as experiências necessárias ao progresso do projeto”, disse em comunicado de imprensa. O financiamento garantido é valorizado pelos investigadores, mas também a notoriedade que ganha a instituição e o grupo de trabalho. “O prestígio e a visibilidade associados ao prémio ajudar-me-ão a recrutar jovens investigadores de excelência para a minha equipa”, disse em comunicado de imprensa Nuno Barbosa Morais. “Afinal, a qualidade da nossa investigação vai depender muito da qualidade dos cientistas envolvidos.”
Treze bolsas de instalação EMBO em Portugal
Se quiser saber mais sobre a importância das bolsas EMBO para os investigadores distinguidos em Portugal clique sobre o sinal (+) [mais] na infografia em baixo.
Infografia: Milton Cappelletti