Falando aos deputados durante o jantar de Natal do grupo parlamentar do PSD, Pedro Passos Coelho fez um balanço positivo sobre o caminho percorrido pelo Governo durante estes quase quatro anos na liderança, mas deixou avisos sobre as “incertezas” que avista no horizonte de 2015. Nomeadamente pelo facto de o ano que vem ser ano de eleições, e as “eleições trazerem consigo sempre muitas incertezas”.

Ainda que sem abordar a polémica questão da coligação pré-eleitoral com o CDS-PP, Passos não deixou de tecer elogios ao parceiro de coligação, com quem o PSD – “e isso é digno de registo”, disse – partilhou “um clima de grande cumplicidade parlamentar” durante os momentos mais difíceis da legislatura. Foi Luís Montenegro quem mostrou mais confiança numa vitória nas eleições de 2015, e na própria coligação. “Vamos reforçar a maioria absoluta que esta coligação tem no Parlamento”, disse, evocando o caminho que ainda haverá a percorrer depois daquilo que acredita vir a ser uma vitória do PSD/CDS. “Vá para a frente porque tem aqui a sua gente”, disse o líder da bancada parlamentar, dirigindo-se a Passos Coelho que estava ao seu lado no palanque.

Com a aproximação da quadra natalícia e do virar do ano, o discurso de Passos foi sobretudo de balanços e de “esperança” e “confiança”. Sem ataques à oposição (as críticas ao PS ficaram a cargo de Montenegro), o primeiro-ministro, aqui na qualidade de líder do PSD, evocou os dados recentes divulgados pelo Banco de Portugal sobre o emprego para desenhar um cenário de melhoria económica e um “caminho de esperança” que, disse, o atual Governo e os partidos da maioria estavam “a construir para Portugal”.

“Os resultados que temos vindo a registar não nos foram oferecidos, não nos caíram do céu, fizemos muito para que este ambiente de maior esperança para o país pudesse acontecer”, disse, acrescentando que os “bons resultados que estamos agora a colher estão na exata proporção dos sacrifícios que enfrentámos e da determinação que mostrámos”.

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Mas não escondeu as incertezas, “internas e externas”, que se avizinham em 2015, ano de eleições. E por isso deixou um subentendido apelo ao voto dos portugueses. Dizendo que convive bem com essa incerteza e com a contestação, “próprias da democracia”, Passos lembrou que o país terá de contar com o clima de incerteza que reveste os períodos eleitorais, pedindo ao “povo” para responder bem perante essa situação, não pondo “em risco os resultados já alcançados”. Ou seja, votando pela continuidade e não pela mudança de cor partidária no governo.

Olhando em retrospetiva mas com os olhos na perspetiva da continuação do trabalho por mais quatro anos, Passos lembrou os dias da presença da troika em Lisboa para sublinhar que os fatores “externos”, leia-se, as diretrizes de Bruxelas, “têm muita influência no caminho interno”. “Procuramos sempre antecipar-nos e ir fechando as nossas reuniões com a troika a tempo de deixar Portugal a salvo”, disse, lembrando o caso difícil da Grécia, que ainda não saiu do programa de assistência financeira.

“Há condições que não dependem de nós, temos de estar preparados para essas eventualidade”, disse.

As críticas cerradas ao PS ficaram a cargo de Luís Montenegro, que aproveitou as palavras proferidas por António Costa na terça-feira, a respeito dos elogios à liderança de Mário Soares no período do Bloco Central, para lembrar uma frase dita pelo próprio Soares em 1984: “A austeridade é a condição para a esperança”.