Mais de seis mil alunos mudaram de curso um ano após terem entrado no ensino superior, segundo dados do Ministério da Educação que quer impedir as transferências de politécnicos para universidades quando se mantêm no mesmo curso. Dos quase 73 mil alunos que se inscreveram pela primeira vez numa licenciatura ou num mestrado integrado no ano letivo de 2011/2012, 6.684 acabaram por mudar de curso ou instituição no ano seguinte, segundo dados da Direção Geral de Estatística de Educação e Ciência (DGEEC).

No caso das licenciaturas das universidades e politécnicos públicos e privados, houve 5.570 transferências (num universo de mais de 62 mil alunos) e entre os cerca de 10 mil inscritos nos mestrados integrados, 1.104 mudaram de curso ou instituição.

Os dados da DGEEC não discriminam os casos em que houve transferências de politécnicos para universidades, mas são precisamente as mudanças de subsistema de ensino que levaram o Ministério da Educação e Ciência (MEC) a apresentar uma proposta para impedir algumas situações.

O MEC quer que só em caso de mudança de curso os alunos possam pedir transferência de uma universidade para um politécnico ou vice-versa, segundo proposta de alteração ao Regulamento dos Regimes de Mudança de Curso, Transferência e Reingresso no Ensino Superior.

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Para o ministério, um aluno que queira manter-se no mesmo curso não poderá mudar de subsistema de ensino (universidade ou politécnico). “As transições entre subsistemas continuam a ser permitidas. Com o projeto procura-se aumentar a justiça do sistema numa perspetiva de rigor sem impedir a mobilidade entre subsistemas”, explica o MEC em comunicado enviado para a Lusa.

Os dados mais recentes da DGEEC mostram que no ano letivo de 2012/2013 tinham mudado de curso ou instituição cerca de 5.500 alunos que no ano anterior se tinham inscrito pela primeira vez numa licenciatura. Foi nas áreas da saúde e proteção social que se registou a maior percentagem de alunos a mudar de estabelecimento de ensino. Já nas áreas de Ciências, Matemática e Informática, há mais estudantes a mudar de curso mas mantendo-se no mesmo estabelecimento de ensino (8,2%) do que os que optam por mudar de estabelecimento de ensino (5,9%).

Em termos percentuais, a Universidade de Lisboa é a instituição com mais casos de mudanças de estabelecimento de ensino (7,7%), seguindo-se o ISCTE (7,1%), a Universidade Nova de Lisboa (6,7%) e a Universidade da Beira Interior (6,2%). Já entre os politécnicos, destacam-se os estudantes de enfermagem da Escola Superior de Enfermagem do Porto (8,7%) e a Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (7,3%) como sendo os que apresentam maior percentagem de mudança de instituição de ensino. Em terceiro lugar surge o Instituto Politécnico de Lisboa, onde 6,2% dos alunos mudaram de instituição.

Por outro lado, a Universidade da Madeira é a única instituição de ensino onde todos os alunos que se tinham inscrito no ano anterior permaneciam nos mesmos cursos. Um em cada dez alunos que se inscreveu nos mestrados integrados de 1.º ciclo acabou por mudar de curso, segundo a DGEEC que regista uma mudança de 1.104 alunos num universo de 10.332 inscritos.

As áreas da agricultura, saúde e proteção social foram as que registaram mais mudanças de estabelecimento de ensino, em termos percentuais. As instituições que registaram mais mudanças de estabelecimento foram a Universidade do Algarve (16,4%), Universidade da Beira Interior (12,3%) e a Universidade de Lisboa (10%).