Assim que Carolina Patrocínio, de 28 anos, anunciou que estava à espera da sua segunda filha, ouviu os parabéns que geralmente se dão às futuras mães. No entanto, à semelhança da sua primeira gravidez, regressaram também as críticas, polémicas e controvérsias. “Quando estava grávida da minha filha Diana, partilhei fotografias minhas a fazer exercício físico. Houve quem ficasse chocado e foram ditas tantas coisas sobre o facto de uma grávida esta a treinar daquela maneira que percebi que havia um grande desconhecimento sobre a prática desportiva”, diz a apresentadora.

Nessa altura, não faltaram comentários a garantir que Carolina ia sofrer um deslocamento de placenta ou que o bebé nasceria prematuro. Mal as pessoas sabiam que a preocupação do médico de Carolina era exatamente oposta: a sua filha estava num percentil elevado e as ecografias indicavam mais semanas do que na realidade tinha, embora o bebé crescesse num corpo pequeno — Carolina mede 1,55 metros e pesa cerca de 47 quilos. Ainda assim, se não tivesse revelado que estava grávida também ninguém saberia.

Foto de Carolina Patrocínio grávida de três meses da sua primeira filha

“Sim, a minha barriga era muito pequena mas, apesar do escrutínio público, sempre soube que ia ter um bebé grande”, confessa a apresentadora. E assim foi. Diana nasceu com 3,110 quilos e 47 centímetros. “Enquanto lá fora se temia que eu fosse mãe de um ‘ratinho prematuro’, o receio do meu médico era que o bebé fosse demasiado grande. No fundo, até era divertido ouvir as pessoas a comentar, sabendo que a realidade era outra.”

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A pergunta que se segue é inevitável: Então será saudável praticar exercício físico durante a gravidez? “Sim”, responde a ginecologista e obstetra Marcela Forjaz.

“O exercício físico na gravidez é muito saudável porque tem benefícios para a grávida e para o bebé. A grávida sente que tira tempo para si e liberta endorfinas, uma substância natural produzida pelo cérebro que dá a sensação de bem-estar e ajuda a diminuir a ansiedade da mãe”, explica. “No entanto, a grávida deve ser acompanhada por um profissional e iniciar a prática de exercício só depois das 12 semanas. Para quem não tem prática de treinos regulares deve fazer caminhadas sem grande intensidade e ir aumentando progressivamente a duração das mesmas.”

A apresentadora grávida de cinco meses da sua segunda filha

E poderá uma barriga pequena, coberta de abdominais trabalhados, estar grávida? Também. “Se a grávida tiver uma parede abdominal rígida, é normal que mantenha uma barriga bem definida e menos saliente em comparação com uma mulher que nunca praticou exercício físico”, explica o personal trainer Pedro Batista. “Há quem automaticamente relaxe a barriga quando está grávida, adotando um postura muito própria deste estado, inclinando as costas para trás e projetando o ventre. É natural que, assim, os outros notem mais facilmente a gravidez. No meu caso, foi diferente, porque estava habituada a manter o abdominal contraído”, conta Carolina Patrocínio.

Mas uma barriga definida prejudica o desenvolvimento do feto? Não. Os músculos acabam por ceder para o bebé ganhar espaço. O mesmo se aplica ao aumento do peso associado à gravidez. Se a gestante ganhar pouco peso não significa que o bebé seja menos saudável até porque o peso do feto só corresponde a uma fração do total do aumento de peso. “O ganho de peso durante a gestação ronda os 11 a 12 quilos mas depende sempre de caso para caso”, acrescenta Marcela Forjaz. No total, Carolina engordou oito quilos durante os nove meses de gravidez e a sua primeira filha nasceu dentro do peso médio recomendado.

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Carolina Patrocínio grávida de sete meses da sua primeira filha

E não é a única. Sara Fonseca*, de 35 anos, confessa que a balança apenas pesou mais sete quilos quando chegou ao fim do período de gestação. “Durante toda a minha gravidez só contei a uma única pessoa do trabalho e ninguém deu conta”, admite. A barriga também estava pouco saliente e deixou toda a gente surpreendida com a novidade. “Sou instrutora de ioga e continuei a praticar quando estava grávida e nunca tive qualquer problema de saúde. Normalmente peso cerca de 49 quilos e o meu bebé nasceu perfeitamente saudável com 2,970 quilos e 49 centímetros.”

“Não é uma contra-indicação parar de fazer desporto só por estar grávida”, afirma Carolina Patrocínio ao Observador. “Nunca tive contrações antes do tempo ou qualquer tipo de dores provocadas pelo desporto. Treinei até ao final da gravidez seguindo sempre as indicações médicas e ouvindo o meu corpo.” Atualmente, grávida de cinco meses da sua segunda filha, a apresentadora não abdica dos treinos intensivos e continua a exibir umas curvas tonificadas. O fruto da relação com o jogador de râguebi Gonçalo Uva nasce em fevereiro do próximo ano.

Exercício, sim. Mas qual?

“Quase nenhum exercício é proibido a não ser atividades com muito impacto que exerçam uma grande pressão na zona pélvica”, afirma Marcela Forjaz. Para além das caminhadas, a obstetra recomenda aulas de pilates e micro ginástica. Existem ainda vários ginásios como o Fitness Hut e Clube VII que oferecem planos de treino pré-parto e pós-parto criados especificamente para gestantes e mamãs recentes. À semelhança do Holmes Place, que dispõe de cursos para grávidas com o objetivo de ajudar na regulação hormonal e diminuir as dores musculares e ansiedade.

“Cada plano de treino é traçado consoante as características de cada pessoa mas numa grávida devem-se reforçar os músculos para diminuir a pressão na zona lombar que suporta o peso da barriga”, aconselha o personal trainer Pedro Batista.

Desta forma, uma aula de pilates pode ser fundamental para melhorar a postura da gestante. O mesmo se aplica a zonas específicas como os ombros, coluna, bíceps e tríceps que devem ser preparados para aguentar horas a pegar num recém-nascido ao colo.

E no que toca aos abdominais? Carolina Patrocínio responde: “Este tipo de exercício ajuda a tonificar a parede abdominal, melhora a postura e pode ser feito de imensas formas, sem prejudicar o bebé.” No entanto, os abdominais também causam pressão na zona do períneo (os músculos começam a alargar e a afastar-se para a barriga crescer) e por isso a futura mãe abdicou deles aos cinco meses de gravidez.

Próximo passo: mudar mentalidades

“Ninguém protege mais um filho do que a sua mãe, e eu fiz de tudo o que estava ao meu alcance para garantir o bem-estar da minha bebé” conclui a apresentadora. Ainda assim, Carolina Patrocínio é de opinião que continua a existir “um profundo desconhecimento sobre o exercício” e acabou de lançar o livro Stay Active para desmistificar todos o mitos sobre uma vida saudável.

Ao longo de 11 capítulos, a autora pretende servir de inspiração e motivação para os seus leitores seguirem um estilo de vida mais ativo. É lá que revela como foi a sua experiência pós-parto e dá dicas de alimentação e de treino para estar em forma. “O que não te desafia, não te muda”, lê-se na capa. E Carolina segue este mote à regra — seja antes, durante ou depois da gravidez.

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O livro foi publicado pela Arena e custa 15,90€

* Nome fictício. Esta pessoa não quis ser identificada.

Texto editado por Ana Dias Ferreira.