Elisa Ferreira defende que sejam “afinadas” as novas regras europeias à luz das lições aprendidas com a sua implementação nos últimos anos. A eurodeputada, que em breve deverá tornar-se vice-governadora do Banco de Portugal — mas que sublinhou falar na qualidade de eurodeputada –, criticou o facto de haver “muita coisa em falta” na União Bancária e que muitos dos objetivos e declarações formais pelos líderes europeus tenham sido “diluídos”.

“A importância e caráter inovador nesta fase inicial faz com que seja preciso monitorizar de forma cuidada se as regras estão a gerar os resultados pretendidos ou se estão a provocar consequências inesperadas”, afirmou Elisa Ferreira. “É preciso estar disponível para afinar o que for necessário, caso seja necessário, para evitar que sejam os diabos escondidos nos detalhes a deitar por terra o que criámos”.

“Um bolo meio cozido pode transformar-se em algo indigesto e amargo”, avisou Elisa Ferreira na conferência organizada pela Associação Portuguesa de Bancos (APB) e pela TVI, em Lisboa.

Especialmente grave, diz Elisa Ferreira, é que o processo de avaliação e introdução das novas regras europeias tenham sido “condicionadas” pelas diretivas da Direção-Geral da Concorrência europeia.

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A eurodeputada chamou a atenção para a compartimentalização nacional que existe nas contribuições para o fundo de resolução, que na sua opinião não representa uma verdadeira mutualização dos riscos. Essa compartimentalização, que até 2024 fará com que cada setor financeiro nacional tenha de contribuir para o fundo de resolução europeu na proporção da sua importância, contrasta com as intenções definidas em 2012, na criação da União Bancária, que passavam por uma mutualização plena e um recurso, se necessário, ao Mecanismo Europeu de Estabilidade.

Outra crítica de Elisa Ferreira diz respeito ao Fundo comum de garantia de depósitos, cujos trabalhos já estão a ser marcados por “diluição” e já apontam apenas para “um mecanismo de resseguro”.

“A União Europeia tem de assumir que a união bancária e união monetária não pode ficar dependente das vontades políticas (em constante mudança) e de interesses nacionais”.