Giuliano Amato, autor do Artigo 50 do Tratado de Lisboa, de 2007, que prevê a saída de eventuais membros da União Europeia (UE), garante que a cláusula nunca foi pensada para ser usada. Nunca conferência em Roma, o antigo primeiro-ministro italiano considerou o Brexit como um verdadeiro “desastre” e defendeu que a UE não deve ser branda no que toca à saída do Reino Unido.

Amato ocupou o cargo de primeiro-ministro de Itália em dois períodos — entre 1992 e 1993 e entre 200 e 2001. Foi um dos governantes que ajudou a escrever o rascunho da Constituição Europeia, que veio a dar origem ao Tratado de Lisboa, firmado entre os 27 Estados-membros da UE a 13 de dezembro de 2007, em Lisboa.

De acordo com Amato, a cláusula foi acrescentada exatamente por causa do Reino Unido, evitando assim que os britânicos se queixassem que não existia uma maneira clara de abandonar a UE. “Escrevi o Artigo 50, por isso conheço-o bem”, disse, citado pela Reuters. “A minha intenção foi criar a clássica válvula de segurança, mas que nunca viria a ser usada. É como ter um extintor que nunca deve ser usado. Em vez disso, o fogo despontou.”

Na conferência realizada na capital italiana, Amato pediu aos governantes europeus que não sigam o exemplo do primeiro-ministro britânico, David Cameron, e que evitem a realização de um referendo sobre a UE. “Se outro líder for louco como Cameron e oferecer um referendo sobre a permanência na UE, por exemplo na Holand ou na Áustria, existe um risco de que queiram sair.”

Sobre as conversações com os britânicos, Giuliano Amato pediu que a UE não permita que “o Reino Unido pense que o Brexit é uma melhor maneira de fazer o que eles sempre fizeram — agarrar no que lhes é útil [na UE] e sair do que não lhes agrada”. “O Brexit é a saída total. Eles sabem disso”, frisou. “Quanto mais eles se aperceberem do que estão a perder, mais hipóteses haverá de que em 2020 alguém faça alguma coisa em relação ao assunto.”

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