“É uma voz amiga, com um lado fraterno”, reconhece à agência Lusa o presidente da Câmara, Joaquim Mota e Silva. Autarcas, ex-autarcas e populares manifestaram satisfação pública por verem Marcelo de Rebelo de Sousa, um “neto da terra”, ser eleito chefe do Estado. Foi aliás naquele concelho onde passa o Tâmega que Marcelo teve, nas eleições em que foi eleito Presidente da República, a votação mais expressiva a nível nacional, com 81%.

Em Gandarela de Basto, no norte do concelho, viveu a sua avó Joaquina. Marcelo passou em Celorico de Basto alguns dos seus tempos livres, na infância e juventude, momentos que gosta de recordar. Desse período ficou uma ligação quase umbilical, que nunca o professor universitário, político e comentador deixou de renovar ao longo de décadas, com visitas constantes e participação em momentos importantes da terra. Ao seu pai, Baltazar Rebelo de Sousa, que foi governador-geral de Moçambique, a vila atribuiu o nome a uma rua.

Celorico de Basto, no interior do distrito de Braga, ganhou muito com aquela ligação de afetos. Marcelo e a sua capacidade de influência ajudaram a levar ao concelho, ao longo das duas últimas décadas, presidentes da República, primeiros-ministros, ministros e secretários de Estado.

Muitas das conquistas do concelho, materiais (equipamentos e infraestruturas) e imateriais (enriquecimento cultural e notoriedade nacional) tiveram a marca de Marcelo, como têm reconhecido os autarcas do concelho, que não se cansam de elogiar a disponibilidade do conterrâneo ilustre, antes, durante e depois de ter sido presidente da Assembleia Municipal, durante dois mandatos (1997/2005).

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“Foi um colaborador ativo e gostava muito de dar sugestões para o futuro de Celorico. Para nós, isso é um privilégio”, comenta Joaquim Mota e Silva, presidente da autarquia, em declarações à agência Lusa.

Foi Albertino Mota e Silva, antigo presidente da Câmara, que convidou Marcelo para se candidatar à Assembleia Municipal. “Convidei-o, porque sabia do amor dele a Celorico de Basto e, também, porque achei que ele gostava de desempenhar aquele cargo”, recorda o autarca que governou o concelho durante duas décadas, até 2009.

A “sua” feira do livro, mais a biblioteca

Celorico de Basto organiza há vários anos uma feira do livro apadrinhada por Marcelo Rebelo de Sousa, um reconhecido amante da literatura.

Graças ao mediatismo do agora Presidente, o evento de um concelho pequeno conquistou muitas vezes as atenções dos órgãos de comunicação social e contou, também, com a presença de alguns dos grandes nomes do panorama literário nacional, que apresentaram livros e falaram para plateias de centenas de pessoas, incluindo, quase sempre, muitos alunos do concelho, para gáudio do professor.

A biblioteca leva o seu nome

A biblioteca leva o seu nome

Também a biblioteca e o centro documental da vila, inaugurados em 2002 e situados numa antiga casa rural, adotaram o nome de “Professor Marcelo Rebelo de Sousa”, o que não se estranha, porque foi aquele neto da terra que doou, ao longo de vários anos, milhares de livros e documentos que hoje enriquecem o acervo e deliciam os visitantes, como aconteceu com o anterior Presidente da República, Cavaco Silva, em visita oficial. O espaço já sofreu duas ampliações e tem atualmente cerca de 80.000 livros.

De resto, foi ali, espaço de cultura, que Marcelo apresentou a sua candidatura presidencial. E fê-lo num novo auditório contíguo, inaugurado semanas antes. Também ali, Marcelo encerrou a sua campanha, dois momentos em que o que unia o então candidato presidencial e o povo de Celorico de Basto ficou patente, por entre abraços e trocas de sorrisos.

Marcelo Rebelo de Sousa, reconhecido àquela terra, dali quis falar ao país, em cerimónia em que evocou de novo as suas raízes. O povo local aplaudiu e retribuiu, dias depois, com uma votação expressiva. Aliás, foi também numa aldeia próxima que Marcelo exerceu o seu direito de voto e reencontrou, feliz, as gentes que o viram crescer até ser Presidente.