Sebastião Bugalho, cabeça de lista da Aliança Democrática às eleições europeias, reconheceu, em entrevista à SIC Notícias, que “não foi uma escolha simples” aceitar o convite, mas também admitiu que “não é fácil dizer que não quando o primeiro-ministro liga e diz ‘quero que seja o nosso homem na Europa'”.

Confrontado com o facto de passar de jornalista e comentador para dar a cara por uma candidatura às eleições ao Parlamento Europeu, garantiu que não aceitou um “tacho”, já que será “sujeito ao escrutínio” do voto, considerando que fez a “transição da forma mais democrática possível”. E disse-se “preparado” para o desafio.

Não nega que foi tendo outros convites para um regresso à política, depois de ter sido candidato nas listas de Assunção Cristas, como independente, à Câmara Municipal de Lisboa. Porém não tem dúvidas de que agora é diferente, nomeadamente por estar “há nove anos no espaço público a ser escrutinado“.

“Não estou a ir para um gabinete num Governo, não estou a aceitar ser ministro, não estou a aceitar responsabilidades políticas sem ir a votos. Eu escolhi fazer essa transição [de jornalista/comentador para político] da forma mais democrática possível, que é indo a votos, sujeitando-me a um escrutínio ainda maior, encabeçando uma equipa de um partido fundador da democracia. Não vou aceitar um tacho, não vou para uma empresa pública, não vou ser ministro sem os portugueses terem uma coisa a dizer”, justificou o cabeça de lista da AD às eleições europeias.

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Ainda relativamente a Rui Moreira e ao facto de o presidente da câmara do Porto ter recusado ser o número dois da lista, quando era um dos nomes mais falados para a encabeçar, Sebastião Bugalho sublinhou que não esteve envolvido no processo e “teria todo o gosto em estar ao lado dele”. Ainda assim, fez notar que “se não estivesse confortável” com a circunstância “não teria dito que sim”.

Questionado sobre o facto de, em outubro, ter dito que Paulo Portas era o único “capaz de disputar” as eleições europeias em nome da Aliança Democrática — disse na altura: “Tudo o resto parece-me ser uma escolha entre a derrota flagrante e a derrota honrada” — Sebastião Bugalho defendeu que as “circunstâncias eram diferentes”: o governo de António Costa ainda não tinha caído e, agora, não só caiu como a AD está no Governo.

Aos olhos de Sebastião Bugalho, neste momento há “razões” para haver mais otimismo. E, assim sendo, não só recordou as palavras de António Costa para dizer que “nenhuma eleição europeia derrotou um governo”, como não considera que o Governo possa estar em causa por causa deste resultado: “O Governo certamente não se sente aos meus ombros, estão aos ombros do voto dos portugueses, que é recente e sólido.”

Ainda sobre o apoio a António Costa para presidente do Conselho Europeu, caso venha a acontecer, toma a “reciprocidade como um bom princípio”, ao lembrar que em tempos o ex-primeiro-ministro apoiou Durão Barroso para a presidência da Comissão Europeia quando foi eurodeputado.

Já numa curta entrevista ao Expresso, questionado sobre as ambições políticas, garantiu que, neste momento, não se vê como primeiro-ministro ou líder de um partido: “Sou muito jovem, tenho muito que aprender e é sempre perigoso dar respostas definitivas. Mas não olho para mim, neste momento, como alguém com perfil de chefe de Executivo ou chefe partidário.”