O ser humano pode começar a colonizar o planeta Marte já a partir de meados da década de 2020. E nas próximas quatro a dez décadas, o planeta vermelho pode ser a morada permanente de até um milhão de pessoas. Os planos foram avançados esta terça-feira por Elon Musk, diretor executivo da SpaceX, uma empresa de transporte espacial norte-americana que investe 5% do seu capital em missões de colonização de Marte.

Durante a conferência protagonizada por Musk no Congresso Internacional Astronáutico em Guadalajara, México, o líder da SpaceX revelou também como funcionarão as tecnologias, agora em desenvolvimento, envolvidas nas viagens entre Terra e Marte. As naves espaciais terão capacidade para entre 100 e 200 passageiros e podem ser reutilizadas. O Sistema de Transporte Interplanetário (IST) terá 122 metros de altura e uma nave com 17 metros e gravidade zero onde estarão os tripulantes. Este mecanismo promete assim ser maior que Saturn V, o vaivém que levou o Homem pela primeira vez à Lua. E terá também o triplo da sua potência.

Estima-se que serão construídas mil IST que, no total, farão um total de 10 mil viagens num espaço num período de, no máximo, cem anos. Cada viagem terá início na plataforma 39A do Centro Espacial Kennedy no Cabo Canaveral (Flórida), o mesmo que foi usado para Saturn V levantar voo em direção à Lua. Só poderá acontecer a cada 26 meses porque essa é a época em que a Terra e Marte se encontram na menor distância entre si, o que garante uma viagem que não terá mais do que entre 80 e 150 dias. Quando uma IST chega a órbita é abastecida por um navio-tanque com a quantidade de combustível suficiente para chegar a Marte (embora a nave esteja equipada com painéis solares para poupar energia). Uma vez em Marte, um novo navio-tanque fornecerá metano produzido em território marciano à IST.

Elon Musk garante que o preço da viagem não ultrapassará o valor de uma casa norte-americana para a classe média: 200 mil dólares. E este é um valor que pode diminuir em função da procura. No entanto, a SpaceX e a NASA (que, embora tenha os seus próprios projetos, apoia a empresa de Elon Musk) admitem que a viagem inaugural vai custar 10 mil milhões de dólares, o resultado de um investimento de 300 milhões de dólares anuais que a SpaceX calcula ter de gastar até 2018 para seguir com este plano para a frente. Mas para Musk não há outra alternativa: “O futuro da humanidade passa fundamentalmente por um de dois caminhos: ou nos vamos tornar numa espécie multiplanetária e numa civilização exploradora do espaço; ou vamos ficar presos num planeta ate algum evento de extinção”, disse ele na conferência de imprensa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR