A polícia moçambicana disse este domingo ter iniciado investigações ao assassinato do membro da Renamo nas negociações de paz em Moçambique e conselheiro de Estado, Jerónimo Pondeca.

“A Polícia está a efetuar diligências para o esclarecimento do caso”, afirmou Orlando Modumane, porta-voz do comando da cidade da Polícia da República de Moçambique (PRM), durante uma conferência de imprensa em Maputo.

Jeremias Pondeca, um dos membros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) nas negociações de paz e do Conselho de Estado de Moçambique, foi assassinado no sábado em Maputo, mas o seu corpo só foi identificado hoje, disse à agência Lusa o porta-voz do maior partido de oposição, António Machunga.

De acordo com o porta-voz do comando da cidade da PRM, testemunhas disseram que Pondeca foi alvejado a tiro por quatro desconhecidos, que se transportavam numa viatura Toyota Runx.

“Até agora, não conhecemos o móbil do crime”, avançou Orlando Modumane, salientando que a polícia moçambicana tudo fará para o rápido esclarecimento do crime.

O porta-voz da Renamo disse à Lusa que Jeremias Pondeca saiu de casa na madrugada de sábado, com destino à praia da Costa do Sol, para fazer os habituais exercícios matinais, mas nunca mais voltou.

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Preocupada com o seu desaparecimento, prosseguiu Muchanga, a família contactou as autoridades, que só conseguiram identificar o corpo na manhã de hoje na morgue do Hospital Central de Maputo.

“Pensamos que estamos a negociar e temos este tipo de situações”, lamentou o porta-voz da Renamo, numa alusão aos trabalhos da comissão mista do partido de oposição e do Governo moçambicano, que procuram um entendimento para encerrar a crise política e militar no país.

Após um interregno de uma semana, as negociações de paz são retomadas na segunda-feira na presença dos mediadores internacionais.

A região centro de Moçambique tem sido palco de confrontos entre o braço armado do principal partido de oposição e as Forças de Defesa e Segurança e denúncias mútuas de raptos e assassinatos de dirigentes políticos das duas partes.

As autoridades acusam a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos, como comboios da empresa mineira brasileira Vale.

Alguns dos ataques foram assumidos pelo líder da oposição, Afonso Dhlakama, que os justificou com o argumento de dispersar as Forças de Defesa e Segurança, acusadas de bombardear a serra da Gorongosa.

A Renamo exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder há mais de 40 anos) de ter cometido fraude no escrutínio.