A política de juros nulos do Banco Central Europeu (BCE) é criticada num relatório do conselho de assessores do ministério da Economia alemão, composto por 25 economistas, que alerta para os perigos da mesma.

Os juros nulos, ou próximos de zero, explicam os economistas alemães, reduzem radicalmente as possibilidades de ganhos das instituições financeiras, o que é especialmente grave se se tem em conta a crise que atravessou o setor bancário.

O relatório foi apresentado esta quarta-feira pelo presidente do conselho de assessores do ministério da Economia alemão, Hans Gersbach, e pelo diretor, Martin Hellwig, catedrático da Universidade de Bona, que coordenou a realização do documento.

“Com juros próximos de zero questionam-se os próprios fundamentos do sistema financeiro”, afirmou Hellwig.

O documento defende que quanto mais durar a política de juros nulos, maiores serão os riscos e mais difícil será pôr-lhe fim.

Segundo Hellwig, alguns problemas da atual política monetária do BCE já são evidentes, como a existência de uma ‘borbulha’ imobiliária ou o facto de que muitas pessoas, perante a possibilidade de investirem o seu dinheiro no mercado financeiro tradicional, estão a optar por duvidosas apostas de alto risco.

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Em relação ao dinheiro em ‘cash’, outro dos temas do documento, os economistas referem no relatório que este “tem de continuar a ser um meio de pagamento importante”.

“Em todas as partes do mundo a circulação de notas de altos montantes foi reduzida e atualmente existem propostas para restringir radicalmente a utilização de dinheiro em ‘cash'”, referem os autores do relatório.

Os economistas referem no relatório que os bancos centrais não poupariam custos com a abolição do dinheiro em ‘cash’ e defendem que “a emissão de dinheiro em ‘cash’, com exceção para a moeda de um cêntimo, é benéfica para o BCE”.