À primeira vista, o regresso de ‘Prison Break’ não faz sentido. Vejamos: o protagonista morre no final da quarta temporada, a mesma que até há pouco tempo era a última. Mas a verdade é que em ‘Prison Break’ não é novidade ter coisas sem sentido: os dois heróis/condenados fogem da prisão no final da primeira temporada — e isso numa série que tem como título (livremente traduzido para português) “fuga da prisão” pode comprometer tudo. Ainda assim, Wentworth Miller e Dominic Purcell estão de volta, como Michael Scofield e Lincoln Burrows. É a quinta época de ‘Prison Break’, que se estreia esta quarta feira, dia 5, na Fox (22h15).

A quarta temporada terminou em maio de 2009 e a produção terá concluído que, tantos anos depois, a personagem principal podia regressar, com um argumento que explicasse que afinal ele não tinha morrido a salvar a mulher naquele que parecia ser o capítulo final da história. Porque afinal, um franchise de sucesso pode continuar a sê-lo e já que estes atores não têm sucesso a fazer mais nada, então nada melhor que voltar ao sítio onde todos foram felizes.

Mas atenção: há uma prisão, outra vez. A grande diferença é que fica no Iémen e há política, terrorismo e Estado Islâmico à mistura, sem esquecer gente má associada a outra gente má. Michael tem um filho mas também tem missões para cumprir, vai ele conseguir tomar conta de todos estes recados?

https://www.youtube.com/watch?v=x9T-9fZn_oA

No site Vox, Todd VanDerWerff lembra que “Prison Break” nunca foi um produto televisivo brilhante mas tinha sucesso graças à interpretação de Wentworth Miller e a uma fórmula de entretenimento que conseguia deixar os espectadores à espera de mais um episódio. Mas depois, afirma: “Agora, a série quer ter significado. E isso é horrível”. Este significado está ligado ao Estado Islâmico e à atual política internacional. “Uma coisa que não quero de Prison Break é que tente explicar os princípios do Estado Islâmico. […] Ao fazê-lo, decidem transformar os terroristas islâmicos nos principais inimigos dos terroristas, sem repararem nos terríveis estereótipos que promovem”.

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Quanto ao Hollywood Reporter, explica-se bem numa frase: “Esta série estaria melhor morta, mas se por acaso gostou do original, pode encontrar algo interessante aqui”. Quem o diz é Tim Goodman, que continua: “Se é para desenterrar os ossos de ‘Prison Break’, que cumpriu bem a sua função entre 2005 e 2009, talvez ajude ter um argumento melhor […] Dois episódios foi o que consegui aguentar, portanto a vossa experiência pode ser bem diferente da minha”. Pode.

Já o crítico do AV Club procura descobrir algo mais neste regresso. Ainda sobre os tais dois primeiros episódios, Josh Modell diz que são “quase dolorosamente idiotas”. Mas que os episódios seguintes conseguem “encontrar um equilíbrio entre o absurdo e a ação normal e em formato standard”. Ainda assim, assegura: “Mais do que uma nova versão de ‘Prison Break’, esta temporada parece algo como ‘Homeland para Totós’, com a intriga política levada ao nível da escola primária”.

https://www.youtube.com/watch?v=Tr9ESD9YGGo

E esta opinião é partilhada por uns quantos. No New York Times, por exemplo, Neil Genzlinger explica que “os ingredientes que os fãs de ‘Prison Break’ procuram estão aqui: uma prisão, um plano de fuga, uma conspiração e personagens familiares com novidades”. Mas complementa: “Assim que a emoção de reencontrar velhos conhecidos desaparece, ficamos com um novelo demasiado enrolado e nada credível”.

Mas nem todas as opiniões são más. A Forbes diz algo contrário ao que as anteriores críticas apontavam, no texto de Merrill Barr: “A pergunta que precisa ser respondida, é ‘é divertido?’. A resposta é ‘sim’. Se esquecermos os sonhos de regressar à glória da primeira temporada, o novo ‘Prison Break’ garante tudo o que os fãs procuram”.

E no site IndieWire, Liz Shannon Miller vai pelo mesmo caminho. E recorda o essencial: “Um dia, Michael pode elaborar um plano relativamente simples para fugir de uma prisão, em vez de um esquema elaborado, cheio de possíveis falhas e muito dependente do erro humano. Mas se assim fosse, esta série não seria ‘Prison Break'”.