O Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa, o maior terminal marítimo de Macau, entra em funcionamento a 1 de junho, depois de ter sido inaugurado esta quinta-feira. A obra, “gigantesca”, demorou 12 anos a ser concluída.

O novo terminal ocupa uma área de 200 mil metros quadrados e tem 16 lugares de atracação para embarcações rápidas, três cais multifuncionais e 127 canais de passagem fronteiriça, além de heliportos. A infraestrutura começou a ser construída em 2005, mas sofreu uma série de alterações, que elevaram o orçamento até 3,8 mil milhões de patacas (426 milhões de euros), ou seja, seis vezes mais do que o inicialmente previsto.

A obra de construção “foi gigantesca e as dificuldades foram grandes”, afirmou a diretora dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA, antiga Capitania), Susana Wong, no discurso da inauguração do terminal, que contou com a presença do chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, entre outros titulares dos principais cargos, como secretários.

Susana Wong referia-se às sucessivas alterações de que foi alvo o projeto, como ampliação e mudança de finalidade (de terminal de apoio para posto fronteiriço principal), à suspensão da obra por parte do empreiteiro e a problemas afetos à qualidade de execução da obra.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Essas mudanças elevaram o custo de execução do terminal, mas o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, relativizou a amplitude da derrapagem orçamental, dado tratar-se de uma “obra muito grande”. “Não creio que tenha havido uma grande derrapagem”, afirmou aos jornalistas.

“Quando o projeto se iniciou era muito pequeno”, mas sofreu “sucessivas ampliações”, como no número de lugares de atracação que duplicou de oito para 16, até se tornar hoje num edifício “que é maior do que o terminal de passageiros do aeroporto”, sublinhou Raimundo do Rosário.

Confrontado com recentes problemas na nova infraestrutura, como infiltrações de água, o secretário para os Transportes e Obras Públicas afirmou que “uma parte deste terminal já foi concluída há dez anos” e que a obra sofreu “várias peripécias”, como ter estado parada. “É natural que a obra tenha problemas — sempre reconheci isso –, mas estamos cá para resolvê-los”, disse.

Com a entrada em funcionamento da nova infraestrutura é encerrado o terminal de marítimo provisório da Taipa, localizado a poucos metros de distância, junto ao Aeroporto Internacional de Macau e a paredes meias com o Cotai (faixa de casinos entre as ilhas da Taipa e Coloane).

A funcionar desde 2007, o terminal provisório, que foi construído para atenuar a pressão do Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Exterior (na península de Macau) antes da conclusão das obras do definitivo, tornou-se “a terceira maior fronteira marítima de Macau”, sublinhou Susana Wong.

A diretora da DSAMA afirmou esperar uma “transferência pacífica”, embora esteja confiante num aumento do número de passageiros, nomeadamente porque o novo terminal oferece melhores e mais serviços, como um parque de estacionamento maior (com mil lugares). “Estamos a prever um aumento não muito dramático, mas gradual. Neste momento, o provisório ocupa uma percentagem de 35% do total dos passageiros [do transporte marítimo], mas gradualmente acreditamos que vai subir para 40% ou mais”, disse.

O terminal provisório vai ser demolido, no âmbito da terceira fase do projeto, dando lugar a infraestruturas de apoio ao definitivo, como depósitos de combustíveis. “Os terminais marítimos de passageiros são uma das portas de entrada importantes para os cidadãos e visitantes entrarem e saírem de Macau, com o registo, nos últimos cinco anos, de cerca de 120 milhões de entradas e saídas”, enfatizou Susana Wong.

O novo terminal, que tem uma ligação direta ao aeroporto, entra em funcionamento a 01 de junho, mas não a todo o gás: na fase inicial vão estar abertos apenas oito cais, sendo que as lojas e restaurantes, por exemplo, também vão começar a funcionar mais tarde.

O Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa, com capacidade para receber 400 mil passageiros por dia, vai oferecer as mesmas rotas do provisório – com ligações a Hong Kong e a Shenzhen (no interior da China). Dos 30,9 milhões de visitantes que Macau recebeu ao longo de 2016, mais de um terço (ou 10,7 milhões) chegaram por via marítima, de acordo com dados oficiais.