O socialista Francisco Assis lança fortes críticas ao Bloco de Esquerda, em artigo de opinião no Público, ainda na sequência da entrevista ao Expresso em que Catarina Martins diz que o Partido Socialista (PS) é um partido “permeável” aos interesses das grandes empresas. Depois de uma longa exposição sobre a História do PS e da sua importância para a História de Portugal, Francisco Assis — que sublinha que fala apenas como militante — insurge-se contra a forma como Catarina Martins falou do seu partido e assevera que “tudo tem de ser um limite”.

Assis esperou até ao último parágrafo do longo artigo de opinião para desferir as críticas.

Imbuída de uma cultura marxista básica, que associa despudoramente com uma moral de sacristia, Catarina Martins procura instalar a ideia de que a esquerda se divide entre o mundo angelical em que ela própria se passeia e o universo potencialmente demoníaco em que rastejam os malfadados herdeiros da tradição socialista e social-democrata, sempre prontos a soçobrar ao apelo dos mais tenebrosos e ocultos interesses particulares. Essa dicotomia rasteira caracterizou ao longo do século XX grande parte da relação entre a esquerda totalitária e a esquerda de inspiração liberal e democrática. Tudo tem que ter um limite. O Bloco de Esquerda violou regras fundamentais da própria convivência democrática. Infelizmente não é coisa que me cause a mais leve surpresa. Se bem que hoje não exerça nenhuma função na direção do Partido Socialista, aqui deixo o registo da minha indignação, que estou certo será partilhada por um grande número de portugueses, o qual extravasa em muito o universo restrito dos militantes do PS.

Apesar de falar apenas como “militante”, Francisco Assis diz claramente: “não me calo” perante “declarações caluniosas proferidas pela líder da extrema-esquerda portuguesa”. “Não só não me calo como explicitamente as combato”, afirma Assis, lembrando que o “PS, sob a superior e corajosa liderança de Mário Soares, enfrentou a ameaça autoritária dos providencialistas de esquerda com o mesmo vigor com que tinha combatido o regime de extrema-direita que vigorou até ao 25 de Abril de 1974”.

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