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De Moscovo a Lisboa. As 2500 pessoas que querem ajudar a erguer a Web Summit

Anna chega de Moscovo a 5 de novembro, Tomás inscreveu-se na Dinamarca e André vai acumular o voluntariado com um trabalho a tempo inteiro. O que leva 2500 jovens a trabalhar de graça na Web Summit?

A 4 de novembro de 2016, Anna Zakharchenko vai fechar a porta de casa, dirigir-se ao aeroporto de Moscovo e apanhar um avião com destino a Lisboa. Tem 24 anos e os olhos de um azul tão ou mais celeste do que o céu pombalino em pleno agosto. No sorriso que faz timidamente ao Observador, por Skype, explica que só regressa a casa oito dias depois. E que num ano foi a Hong Kong, Las Vegas e a Dublin, enquanto trabalhava como freelancer para uma empresa norte-americana. De mochila (e trabalho) às costas, diz que está ansiosa por chegar ao próximo destino, a mais de 4.600 quilómetros de distância. O motivo é grande o suficiente para encher o pavilhão da FIL e o MEO Arena com 50 mil pessoas, de 8 a 10 de novembro. Chama-se Web Summit.

Licenciada em Ciências Políticas, conta que só agora começou “a ser uma verdadeira fã de tecnologia”. E quase por acaso. Houve um dia, durante o ano passado, em que recebeu um email a promover o programa de voluntariado do Collision, em Las Vegas — umas das conferências irmãs da Web Summit — e entre um “porque não?” e uma folha de inscrição, concorreu. Este ano, ao lado de mais de 2.500 pessoas, Anna Zakharchenko vai ajudar a erguer aquela que é considerada a maior conferência de empreendedorismo, tecnologia e inovação da Europa. Qual é o segredo? “Gostar de dar”, explica ao Observador.

“Se gostas de tecnologia, mas não sabes muito, tens uma empresa tecnológica que ainda não é de sucesso, ou se não tens dinheiro para comprar o bilhete [custam atualmente cerca de 700 euros], então deves aproveitar para ser voluntário, porque é uma oportunidade para veres o evento. E, mais importante, para te envolveres”, conta.

Anna já passou por três eventos organizados pela casa mãe da Web Summit. Ao Observador, explica que a experiência tem ajudado a mudar o mindset, a entender melhor a indústria tecnológica. “Não aprendi coisas novas, mas vi que existia um mundo novo e percebi que também queria fazer parte dele”, diz.

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Web Summit

Anna Zakharchenko tem 24 anos e mora em Moscovo, onde trabalha como freelancer para uma empresa norte-americana

Em Lisboa, Anna vai fazer parte da equipa de voluntários que presta apoio aos investidores presentes no evento. É uma das pessoas que vai assegurar que os speed dates (encontros rápidos) entre investidores e empreendedores não ultrapassam os 15 minutos. “Sempre que vou a um evento, sei quase sempre o que quero fazer. Sei quais são as minhas tarefas, o meu horário, sei quando tenho de entrar, de sair. Conheço o programa do evento e planeio o que quero ver e onde quero ir antecipadamente. Até agora, ainda não me arrependi de nada”, conta.

A jovem russa não é a única a fazer dos eventos organizados pela casa mãe da Web Summit um pretexto para fazer as malas e partir. Em troca do voluntariado, Anna pode participar do programa todo da conferência sem pagar bilhete, mas é ela quem assegura os custos da viagem e da estadia. Por ser freelancer, vai trazer trabalho às costas, mas quer terminar todos os projetos antes da viagem. Conta que no Rise, o evento de Hong Kong onde também foi voluntária, conheceu uma rapariga da Malásia que tinha estudado em Nova Iorque e que também tinha estado na Web Summit em Dublin. “Ainda não sei se ela também vai a Lisboa, mas espero que sim”, diz.

“É o que me deixa ansioso que me dá vontade de lá chegar”

Espera-se que, de 8 a 10 de novembro, cerca de 50 mil pessoas, de 150 países, participem na Web Summit. São mais de 20 mil empresas, 7 mil líderes da indústria e 2 mil jornalistas internacionais. E entre os principais oradores estão nomes como Mike Schroepfer (CTO do Facebook), John Chambers (presidente não executivo da Cisco), Sean Rad (CEO do Tinder), Linda Boff (CMO da General Electric) ou o ator Joseph Gordon-Levitt. Em 2015, o programa de voluntariado — que nasceu em 2014 –, totalizou 2.000 pessoas. Este ano, já se registaram 2.500. Têm entre 18 e 60 anos, vêm de mais de 80 países, cerca de 70% são estudantes oriundos de mais de 500 universidades e 30% estão já no mercado de trabalho.

“Os voluntários têm um papel importantíssimo para assegurar que o evento decorre sem dificuldades e acreditamos que o programa da Web Summit é uma grande oportunidade para ganharem experiência, fazerem parte da nossa rede de contactos e experienciarem o que é fazer parte de um evento tecnológico e de startups desta dimensão”, explica ao Observador Sofia Pires, responsável pelo Programa de Voluntários da Web Summit. O feedback que tiveram da primeira iniciativa foi tão bom que decidiram replicá-lo nos eventos que organizam nos EUA, Hong Kong e Madrid.

Sofia Pires é a responsável pelo programa de voluntariado da Web Summit

“Procuramos pessoas de todas as áreas. Os voluntários devem mostrar interesse por startups, tecnologia, produção ou eventos. E isto é importante para nós, porque queremos assegurar que conseguem tirar o maior partido possível do evento. Precisam de ter mais de 18 anos e de falar inglês fluentemente. Devem ser bem-educados e ter cortesia e estar dispostos a contribuir para que a Web Summit seja um sucesso. Mas, acima de tudo, queremos que aproveitem a experiência e se divirtam enquanto fazem voluntariado”, acrescenta a responsável.

Também é isso que espera Tomás Góis, 23 anos e natural de Setúbal. Para o recém-licenciado em Gestão, participar na conferência como voluntário foi uma forma de estar mais perto da organização do evento. É uma forma de descobrir como se organizam eventos à escala mundial. “Já tinha estado envolvido na organização de eventos antes, mas nenhum com tanta magnitude. Foram coisas mais ao nível do Secundário — um campeonato nacional de atletismo e outro de várias modalidades. Já na altura fui voluntário e foi aí que comecei a ganhar gosto por este trabalho de equipa. Muitas vezes, os participantes não têm noção da logística que é necessária para que um evento destes aconteça“, conta ao Observador.

Apaixonado por Marketing e Comunicação, estava a fazer Erasmus na Dinamarca quando soube que as inscrições para o programa tinham aberto. Não hesitou. “Foi algo mais ou menos espontâneo”, lembra. Alocado à equipa de investidores, tal como Anna, pergunta-se como será lidar com este perfil de pessoas. “É um papel de muita responsabilidade ter de interagir com as pessoas diariamente, garantir que se sentem bem-vindas e que a experiência é agradável. É desafiante, mas também é aquilo que me deixa ansioso que me dá mais vontade de lá chegar”, conta.

Tomás Góis começa agora um mestrado em Marketing no ISCTE, onde também trabalha numa júnior empresa de consultoria

André Albuquerque tem 29 anos e é engenheiro informático no Banco de Portugal há cerca de seis anos. Em setembro de 2014, foi convidado a integrar o departamento de Sistemas de Pagamentos. “Como os pagamentos são cada vez mais baseados em tecnologia e a equipa era maioritariamente de gestão, precisavam de alguém da minha área de formação. Deu para aprender muitas coisas, mas também para perceber que o que gosto mesmo é de engenharia de software“, conta ao Observador. Quando se inscreveu no programa de voluntariado da Web Summit, era ao Banco de Portugal que tinha de prestar contas, mas quando entrar no evento já tem uma nova entidade empregadora, uma empresa britânica com escritório em Lisboa.

“No início até pensei em comprar o bilhete para a Web Summit, mas era muito caro e o voluntariado pareceu-me uma boa oportunidade para aumentar a minha rede de contactos. E também nunca tinha estado num evento como este”, explica. Como não vai poder tirar férias, vai juntar o voluntariado ao emprego a tempo inteiro que tem como engenheiro de software, mas nem por isso as expectativas são mais pequenas. “Gostava de ver um pouco aquele ambiente como existe na TechCrunch, mais à americana, com propostas malucas de startups ou ideias que nos façam pensar ‘Porque é que não me lembrei disto antes?’. Acho que é nestes sítios que às vezes ouvimos uma ideia e percebemos que ela vai ser o próximo Uber ou o próximo Facebook. Uma coisa assim”, diz.

Talvez seja por isso que Sofia Pires aconselha os voluntários a chegarem ao evento “com uma mente aberta”. “Divirtam-se na vossa função, troquem contactos com o resto dos voluntários, vão aos eventos que acontecem durante a noite e aproveitem algum do tempo livre para ouvir os oradores inacreditáveis que temos”, diz. Faltam 56 dias.

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