Vinte e três peças de teatro, seis das quais em estreia, integram o programa da 31.ª edição do Festival de Almada, que tem início esta sexta-feira, na cidade, e que homenageia o ator e encenador Luís Miguel Cintra.

“Orquídeas”, do criador italiano Pippo Delbono, é a peça que abre o certame e será representada na Escola D. António da Costa, umas horas depois de, no mesmo local, ser inaugurada uma exposição sobre vida e obra de Luís Miguel Cintra. A mostra foi elaborada por Cristina Reis, coreógrafa da Cornucópia que tem acompanhado o percurso profissional do fundador da companhia do Teatro do Bairro Alto.

“Um trajeto pela memória do meu percurso como ator e criador, mas também do percurso da Cornucópia”, foi como Luís Miguel Cintra definiu a exposição, na conferência de imprensa de apresentação do festival, que este ano lhe dedica também um ciclo de cinema.

O fundador da Cornucópia dirigirá ainda o programa “O sentido dos mestres”, um ciclo de cursos que começa este ano e se prolongará pelos próximos quatro, consagrado a criadores do teatro mundial.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O sentido dos mestres” decorrerá na Casa da Cerca – onde está patente uma exposição de desenhos de Manuel João Vieira, autor do cartaz da 31.ª edição do certame – e conta com a participação dos encenadores Ana Zamora, Bruno Bravo, João Brites, João Mota, João Pedro Vaz, Miguel Seabra e Nuno Carinhas.

“Canções i comentários”, um espetáculo musical de Rui Catalão, sobre as canções de Blarmino, pseudónimo do músico João Pedro Pinto, e as peças “Cais Oeste”, “Círculo de Transformação em Espelho”, “Os negros e os deuses do norte”, “Libretto” e “Paisagem desconhecida” são as criações a estrear nesta edição do Festival.

A decorrer até dia 18, o certame conta ainda com espetáculos de rua, colóquios, concertos, sessões de cinema e tertúlias, entre outros, num total de 139 sessões.

Participam no Festival companhias de teatro de Itália, França, Alemanha, Eslovénia, Canadá, Espanha, Inglaterra e Argentina, sendo que este último país está representado por cinco companhias, já que “o novíssimo teatro argentino” é um dos teatros em destaque na 31.ª edição do Festival, como disse o diretor da Companhia de Teatro de Almada, Rodrigo Francisco, quando o programa foi divulgado à imprensa.

Dos eventos paralelos ao Festival, destaca-se ainda a apresentação dos cinco livros de caráter autobiográfico do escritor austríaco Thomas Bernhard (1931-1989), publicados como obras independentes entre 1975 e 1982, que foram editados em Portugal, pela primeira vez, este ano, num só volume, pela Sistema Solar, sob o título “Autobiografia”.

“A Causa” (1975), “A Cave” (1976), “A Respiração” (1978), “O Frio” (1981) e “Uma Criança” (1982) não constituem uma autobiografia, alerta o tradutor, José António Palma Caetano, mas os “acontecimentos narrados foram relevantes para a obra literária” de Thomas Bernhard.

A obra será apresentada no dia 12, na Casa da Cerca, numa sessão apoiada pela Embaixada da Áustria em Lisboa, na qual participam José Palma Caetano, professor universitário especialista na obra do autor de “Praça dos heróis”, Rui Madeira, encenador e diretor da Companhia de Teatro de Braga, e o embaixador austríaco.

Este ano, o Festival realiza-se em 12 espaços de Almada e Lisboa: Teatro Municipal Joaquim Benite, Escola D. António da Costa, Fórum Romeu Correia, Pátio Prior do Crato, Sociedade Incrível Almadense e na Casa da Cerca, em Almada, e Teatro Municipal D. Maria II, Centro Cultural de Belém (CCB), Culturgest e teatros municipais S. Luiz e Maria Matos, em Lisboa.

O Festival de Almada foi fundado em 1984, pelo ator e encenador Joaquim Benite, depois de, em 1970, ter criado o Grupo de Campolide que, em 1978, se transferiu para Almada.

Joaquim Benite dirigiu a Companhia de Teatro de Almada até à sua morte, a 04 de dezembro de 2012.