O Governo português tem insistido repetidamente nos últimos anos em fazer previsões muito otimistas para o crescimento da economia portuguesa e para o défice orçamental, para além de registar mais despesa e encaixar menos receita que o previsto, diz o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Num relatório sobre o processo orçamental português publicado esta segunda-feira, o fundo questiona a validade das projeções para a economia feitas pelo Governo português.

De acordo com as contas do FMI, as projeções para o crescimento da economia portuguesa têm sido demasiado otimistas, ao ponto de se registar um desvio médio de 1,7% do PIB nos últimos anos entre o que se prevê e o que acaba por acontecer.

Mas não é só no crescimento que as previsões ficam aquém. As contas ao défice acabam por ser piores que o previsto inicialmente.

Mais, o Estado tem gasto mais cerca de 0,7% do que o que prevê e recebido menos cerca de 3% do PIB em receitas no médio prazo.

O FMI considera mesmo que Portugal tem um “pobre histórico de projeções macroeconómicas e orçamentais” e defende a necessidade de o Conselho de Finanças Públicas fazer uma avaliação independente das projeções, de forma a levantar “custos reputacionais” em caso de continuação das projeções excessivamente otimistas.

O fundo diz também que falta ao Documento de Estratégia Orçamental e ao Orçamento do Estado comparar as mais recentes previsões que inclui no cenário macroeconómico, com as previsões anteriores, algo que no caso de Portugal se torna mais importante considerando as continuas revisões que têm sido feitas ao cenário macroeconómico devido ao Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF).

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