A Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL) realizou esta sexta-feira hastas públicas para a venda das lojas e dos apartamentos restantes do empreendimento do Martim Moniz. Os investidores estrangeiros, sobretudo de origem chinesa, ficaram com a maioria dos lotes, em disputas renhidas que acabaram, de um modo geral, com valores muito superiores aos da base de licitação.

Cedo se percebeu que seriam investidores asiáticos a arrematar a quase totalidade dos espaços. Às onze horas, quando o leilão das lojas se iniciou, a sala da sede da EPUL estava completamente cheia, havendo muitas pessoas em pé. Logo para o primeiro espaço comercial se verificou um intenso despique de licitações, com o lance final a ser dado por um empresário português, que desembolsou 500.100 euros pela loja (o valor base era de 204.300). A partir desse momento a competição passou a fazer-se sobretudo entre estrangeiros, frequentemente entre chineses, que arremataram sete das nove lojas disponíveis e ainda os dois ateliers.

Só os ateliers e o conjunto dos últimos 26 apartamentos foram vendidos pelo preço a que foram a leilão.

O espaço comercial maior, de 616 metros quadrados, foi um dos mais disputados. Tinha um preço de saída de 874 mil euros e acabou vendido por 2,65 milhões de euros. Todas as lojas foram vendidas acima do preço-base e a EPUL arrecadou 10,9 milhões de euros pelos espaços. Se tivessem sido vendidas pelo valor-base, as lojas teriam rendido 4,7 milhões.

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Só os ateliers e o conjunto dos últimos 26 apartamentos foram vendidos pelo preço a que foram a leilão. A hasta dos apartamentos demorou menos de cinco minutos, tendo estes sido arrematados por um fundo imobiliário sediado em Hong Kong por 5,516 milhões de euros. Os ateliers, também comprados por investidores chineses, renderam, ambos, 228.100 euros.

Prazo de 31 de dezembro vai ser cumprido

“Correu espetacularmente bem”, comentava um visivelmente satisfeito Jorge Oliveira, liquidatário da EPUL, que será extinta até ao fim do ano por deliberação camarária. Para o gestor, o sucesso das hastas não foi surpresa. “Fizemos um trabalho notável de divulgação. Há meses que temos vindo a preparar esta hasta”, disse, acrescentando que o interesse de investidores orientais pelo Martim Moniz já vem de longe.

As hastas desta sexta-feira são um dos últimos capítulos de uma história que já tem 13 anos. O empreendimento do Martim Moniz, lançado pela empresa em 2000, devia ter ficado completamente pronto em 2003, mas mudanças de projeto, mudanças de empreiteiros e dificuldades financeiras várias levaram a que, ainda hoje, o conjunto de seis prédios no centro da cidade ainda esteja por concluir.

Depois de ter sido escolhido um novo empreiteiro em tempo recorde (entre maio e julho), já só faltam trabalhos de acabamento e de certificação.

“A obra recomeçou no início de agosto e vai acabar no início de novembro”, afirma Jorge Oliveira, assegurando que o último prazo dado aos compradores para a entrega das casas, 31 de dezembro, vai ser cumprido. Neste momento, depois de ter sido escolhido um novo empreiteiro em tempo recorde (entre maio e julho), já só faltam trabalhos de acabamento e de certificação.

Para esta sexta-feira estão ainda marcadas as hastas de venda de oito apartamentos situados nas coberturas dos edifícios, três dos quais são duplex.