Em declarações à agência Lusa, Matilde Ramos, uma das voluntárias do canil, disse que os maus tratos e a recusa em prestar assistência a um animal atropelado no início do mês motivaram já queixas na polícia e no Ministério Público de Lagos contra o veterinário municipal.
Segundo esta voluntária, a queixa contra o veterinário municipal “resultou da recusa deste em prestar assistência a uma cadela com uma grande hemorragia que foi para ali transportada por uma senhora que a encontrou na rua”.
“O veterinário não fez nada ao animal e tivemos de o levar para uma clínica veterinária para que fosse assistido”, contou a voluntária, acrescentando que a “situação foi bastante incompreensível”.
Matilde Ramos relatou ainda que a falta de assistência aos animais no canil de Lagos “é recorrente”, nomeadamente a administração da medicação a cães e gatos que ali aguardam por adoção, a falta de limpeza das boxes, onde, “por vezes, a comida está misturada com as fezes, e agressões físicas praticadas por alguns funcionários”.
“Inexplicavelmente, alguns medicamentos e desinfetantes que trouxe encontrei-os atirados para um terreno baldio junto ao canil”, lamentou, alegando que desconhece “quem terá praticado tais atos”.
“Encontrei também a arca frigorífica aberta onde são colocados os animais mortos, de onde exalava um cheiro nauseabundo”, disse, ao mesmo tempo que exibia fotografias como forma de documentar as suas afirmações.
Matilde Ramos e uma outra voluntária que tem pago parte das obras de melhoramento do canil queixam-se ainda de terem sido impedidas de frequentarem as instalações depois de denunciarem o caso. A proibição de entrarem no canil foi-lhes comunicada pelos funcionários “por ordem do médico veterinário”.
As voluntárias dizem que já informaram da situação, por diversas vezes, tanto nas reuniões de Câmara como na Assembleia Municipal, e acusam a autarquia de “nada fazer”.
“O que queremos é que os animais sejam tratados com dignidade”, sustentam.
Por seu turno, o vereador Paulo Jorge Reis, responsável pelo canil disse à Lusa que desconhece que tenha sido feita qualquer queixa judicial contra o veterinário municipal ou sobre o funcionamento do canil, acrescentando que “irá averiguar a veracidade da mesma, e que os responsáveis serão responsabilizados”.
O vereador disse ainda que teve conhecimento de alegadas situações anormais reportadas por duas voluntárias, mas que uma auditoria interna “não apurou nada de anormal”.
“Temos estado atentos, falado com o veterinário municipal, mas de acordo com as informações prestadas pelo serviço médico veterinário, não existem situações que ponham em causa o funcionamento ou alguma situação menos regular do canil”, frisou.
Paulo Jorge Reis assegurou que “não foi dada qualquer indicação da autarquia para que seja impedida a entrada de voluntários no canil, na zona onde é permitida a sua permanência”.
A agência Lusa tentou falar com o veterinário municipal, mas o vereador Paulo Jorge Reis indicou que o mesmo “não tinha autorização para prestar esclarecimentos”.