A agência de notação financeira Standard & Poor’s vai atualizar a avaliação da dívida soberana a 13 de fevereiro, escusando-se a comentar a evolução da economia angolana até lá, disse o analista responsável pela análise do país. Questionado pela Lusa sobre os contornos do impacto da descida de preço do petróleo na economia de Angola, Benjamin Young remeteu a resposta para depois da data prevista de divulgação da atualização da avaliação do ‘rating’ do país, prevista para 13 de fevereiro.

Em agosto, a S&P tinha divulgado uma extensa análise da economia angolana, tendo revisto em baixa a previsão de crescimento do PIB de 8% para 4,5% em 2014, mantendo a perspetiva “estável” de avaliação, mas é altamente provável que as projeções então apresentadas estejam desatualizadas face à evolução dos preços do petróleo, que representaram 76% das receitas fiscais do país em 2013 e são responsáveis pela quase totalidade das exportações.

De acordo com o último relatório sobre o país, noticiado pela Lusa em agosto, os analistas de uma das três principais agências de ‘rating’ mundiais anunciaram que reviram em baixa a previsão de crescimento da economia para quase metade, “baseados predominantemente na produção de petróleo, que foi mais baixa que o previsto”.

De janeiro a julho do ano passado, as receitas do petróleo renderam menos 3,3 mil milhões de euros do que no mesmo período do ano anterior, passando de 16,7 mil milhões para 13,4 mil milhões de euros, devido a uma redução de cerca de 30 milhões de barris na produção dos primeiros sete meses, o que equivale a uma produção média diária de 1,59 milhões de barris.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No relatório, que mantém a avaliação do país em BB-/B, lê-se que “as grandes receitas de petróleo de Angola vão continuar a sustentar uma carga fiscal relativamente baixa e a ajudar a lidar com as fraquezas institucionais, os riscos de sucessão política e a falta de desenvolvimento para além do setor petrolífero”.

Relativamente à evolução da avaliação do ‘rating’ do país, a S&P disse em agosto que uma ação positiva na avaliação pode ser desencadeada se houver uma “diversificação económica, um crescimento acima do esperado, uma substancial melhoria na capacidade institucional e na transparência, ou um significativo aumento na flexibilidade monetária e orçamental”.

Por outro lado, o ‘rating’ pode ser revisto em baixa se “a má governação corporativa na banca introduzir uma disrupção importante na estabilidade macroeconómica e nas perspetivas de crescimento”, o mesmo acontecendo se “houver um declínio significativo nos preços do petróleo, ou se o Governo não se conseguir ajustar ao choque, ou ainda se houver um abrandamento considerável no investimento estrangeiro”.