Hayley Haynes tinha 19 anos quando vários especialistas lhe disseram que, geneticamente, era um homem. Sentiu-se sempre uma rapariga normal e passou pelas fases da puberdade, mas começou a preocupar-se quando chegou aquela idade sem ser menstruada. Seguiram-se consultas no hospital e testes e opiniões médicas. O diagnóstico: Hayley tinha nascido com os cromossomas XY e não XX, os cromossomas sexuais femininos, e sem órgãos reprodutores. Sem útero, ovários ou trompas de falópio, não poderia ter filhos. Mas Hayley acaba de ser mãe de gémeos, depois de um tratamento de fertilização in vitro, como conta o Telegraph.
Como é que uma mulher sem órgãos reprodutores pode sujeitar-se a um tratamento de fertilização e engravidar? Os diagnósticos que foram sendo feitos a Hayley ignoraram um sinal que só foi detetado em 2007. Nessa altura, um especialista encontrou, nas ecografias da paciente, vestígios de um pequeno útero, que tinha passado despercebido aos médicos anteriores.
“Tinha apenas poucos milímetros, mas era um começo. O médio estava otimista de que poderia crescer. Eu nunca iria engravidar de forma natural, mas podia tentar o tratamento de fertilização in vitro“, disse Hayley Haynes ao Daily Mirror.
Depois de quatro anos de tratamentos hormonais para que o útero pudesse crescer, Hayley estava pronta para o tratamento de fertilização. Na altura, o Serviço Nacional de Saúde negou financiar o processo e Hayley e o marido acabaram por pagar pelo tratamento numa clínica privada no Chipre em abril de 2014. De zero, a probabilidade de Hayley engravidar passou para 60%, segundo os médicos. Dez dias depois do procedimento soube que estava grávida. Às seis semanas descobriu que iria ser mãe de gémeos.
Arvey e Dacery – duas meninas – nasceram na véspera de Natal de 2014.