O vice-presidente norte-americano Joe Biden disse em entrevista a um jornal alemão que acredita que não há uma “solução militar” para a crise na Ucrânia, numa altura em que o país espera carregamentos de armas enviadas pelos Estados Unidos.
“Nós dissemos, logo após o seu início, que não haveria solução militar para esta crise”, declarou Joe Biden, em entrevista ao diário Süddeutsche Zeitung (SZ), acrescentando que os Estados Unidos “não têm qualquer interesse numa escalada militar” e que insistem para que aconteça o contrário.
O vice-presidente dos EUA clarificou que o país pode limitar-se a fornecer “uma ajuda dentro do domínio da segurança”.
De acordo com o jornal, que transcreve a entrevista em discurso indireto, isso poderá significar que os Estados Unidos não farão mais do que aquilo que fizeram até agora, fornecendo coletes à prova de bala, equipamento médico e aparelhos de visão noturna, por exemplo.
No entanto, na audição no Senado norte-americano para nomeação como chefe do Pentágono, Ashton Carter afirmou que os Estados Unidos devem fornecer armas à Ucrânia para combater os separatistas pró-russos.
Washington tem dito que ainda não decidiu se envia ou não armas para o país do leste europeu em crise com a Rússia para ajudar as forças ucranianas que combatem os separatistas pró-russos, mas o ministro da Defesa indigitado foi muito frontal, declarando perante o Senado sentir-se “muito inclinado a seguir nessa direção”, porque acredita que os Estados Unidos devem ajudar os ucranianos ” a defender-se”.
A Casa Branca já veio, no entanto, frisar que uma decisão sobre o envio das armas cabe, em última análise, ao comandante-em-chefe das Forças Armadas, ou seja, ao presidente norte-americano Barack Obama.
Biden deverá encontrar-se no sábado com o presidente da Ucrânia, e a chanceler alemã Angela Merkel, à margem da conferência internacional sobre segurança, em Munique, sul da Alemanha.
O secretário de Estado norte-americano John Kerry é esperado hoje em Kiev, onde deverá encontrar-se com o presidente ucraniano Porochenko, assim como com o primeiro-ministro Arseni Iatseniouk.
Numa outra entrevista, a outro jornal alemão — o diário Die Welt — a ser publicada hoje, o presidente Porochenko apela aos membros da NATO a enviar armas para a Ucrânia para que se possam “defender do agressor”.
Numa deslocação na terça-feira à cidade de Kharkiv, limítrofe à zona de conflitos na Ucrânia, Porochenko afirmou não ter “qualquer dúvida” sobre um envio de armas para a Ucrânia pelos Estados Unidos para combater os separatistas pró-russos.
A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que também está envolvida nas conversações de paz, juntamente com a Rússia, referiu que os negociadores dos rebeldes pró-russos “não estão ainda preparados para discutir a implementação de um cessar-fogo e a retirada das armas pesadas”.
O Ocidente, especialmente os Estados Unidos e a União Europeia, impuseram sanções à Rússia por estar, alegadamente, a ajudar os rebeldes, com armas e tropas, no leste da Ucrânia, sobretudo em Donetsk e Lugansk. A Rússia nega todas as acusações.
Os combates no leste da Ucrânia, desde abril, já provocaram a morte de mais de 5.100 pessoas.