A Monstra nasceu em 2000 e cresceu, cresceu, cresceu. No ano em que completa 15 anos de vida, o Festival de Cinema de Animação de Lisboa leva à capital portuguesa, entre 12 e 22 de março, quase 500 filmes de 40 países, com destaque para a cinematografia da América Latina. A estreia em filme de “A Ovelha Choné” e a homenagem ao realizador Isao Takahata, um dos criadores dos estúdios japoneses Ghibli, são dois momentos imperdíveis do programa, que foi apresentado esta terça-feira. Para além de Lisboa, a Monstra instala-se em mais sete cidades do país, entre as quais Ponta Delgada.

2015 foi ano de candidaturas recorde para a Monstra: de 1700 inscrições, o que representa um aumento de mais de 500 filmes relativamente a 2014. Fernando Galrito, diretor artístico do festival, escolheu apresentar o programa completo na Casa da América Latina, em Lisboa, e não foi por acaso. Este ano, em vez de um país convidado há uma dúzia, entre Argentina, Cuba, Costa Rica, México, Venezuela, e Colômbia. Quem quiser conhecer melhor o cinema de animação da América Latina vai ter à disposição 75 filmes, entre longas e curtas-metragens, algumas em estreia absoluta, outras da primeira metade do século XX.

A Ovelha Choné“, baseado na série que os estúdios britânicos Aardman transmitem desde 2007 em todo o mundo, chega em 2015 às salas de cinema e a Monstra exibe-o em estreia absoluta em Portugal. Realizadores e produtores dos estúdios Aardman vão estar presentes na apresentação do filme e vão também dar uma masterclass sobre o processo de criação de uma das ovelhas mais famosas do mundo.

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Para abrir a competição de longas-metragens foi escolhido o filme espanhol “Pos Eso“, de Sam, realizador já premiado neste festival. Aqui conta-se a história de Trini, a mais famosa dançarina de flamengo do mundo, deprimida por ter abandonado o palco. E por ter um filho, Damian, de oito anos, possuído por uma força maligna que o obriga a atos sangrentos. Outro dos filmes em competição é “Song of the Sea“, neste momento um dos cinco filmes nomeados ao Óscar de melhor filme de animação. Realizado por Tomm Moore, o filme inspira-se nos seres mitológicos “Selkies” do folclore irlandês, que vivem como focas no mar mas transformam-se em humanos em terra.

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O cinema de animação japonês volta a ter uma secção especial e, este ano, a homenagem é feita a um dos criadores dos estúdios japoneses Ghibli, o realizador Isao Takahata. O seu mais recente filme, “O Conto da Princesa Kaguya“, também nomeado ao Óscar de melhor filme de animação, vai estrear aqui. Serão exibidos mais quatro filmes do realizador e ainda “Wind Rises“, de Hayao Miyazaki, que se prepara para chegar às salas de cinema portuguesas logo após o festival. “The Kingdon of Dream and Madness“, um documentário sobre Isao Takahata e Hayao Miyazaki que dá a conhecer o trabalho destes realizadores durante o processo de criação dos filmes, também será exibido.

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Na competição há curtas e médias portuguesas, entre as quais “Papel de Natal”, que o português José Miguel Ribeiro estreou no final de 2014. Na secção de filmes históricos há um nome que salta imediatamente à vista: “Le Roi et L’oiseau“, em português “O Rei e o Pássaro”. Tido por muitos como um dos mais bonitos filmes de animação de sempre, o filme realizado por Paul Grimault em 1979, e agora restaurado, foi uma das influências assumidas para nomes como Hayao Miyazaki e Isao Takahata

Aproveitando o início da primavera, a Monstra vai continuar a organizar sessões de cinema ao ar livre no Jardim da Estrela e no Largo do Intendente. Se a chuva aparecer não faz mal. Uma das novidades deste ano é a instalação de um “Cinema Drive-in” no Parque Mayer.

Outra novidade é o “Festival mais pequeno do mundo” no “cinema mais pequeno do mundo”, onde só cabem nove pessoas, que depois vão poder votar na eleição do melhor filme mais curto. Os filmes a apresentar têm uma duração média de um minuto e meio em sessões contínuas de 14 minutos e meio. O prémio também será o troféu mais pequeno do mundo. Amendoim de Ouro, Prata e Bronze para os três filmes mais votados. Durante o dia as sessões para todos, à noite há sessões especiais só para adultos.

Para celebrar os 15 anos de vida, a Monstra vai editar dois DVDs. O primeiro é uma retrospetiva de alguns dos melhores filmes para crianças exibidos pelo festival. O segundo é dedicado à Monstrinha, com obras especialmente dedicadas aos mais novos.

Para lá do cinema

A Monstra só começa a 12 de março, mas a primeira atividade relacionada com o festival inaugura já na quinta-feira, na Casa da América Latina: uma exposição de desenhos originais dos filmes “História Antes de uma História”, de Wilson Lazaretti, e “Café – Dois dedos de Prosa”, de Maurício Squarisi, ambos realizadores brasileiros. O regresso ao Museu da Marioneta faz-se com uma exposição dupla, dedicada ao filme “Papel de Natal” e ao trabalho da realizadora eslovena ŠŠpela Čadežž.

Para além do Cinema São Jorge, Cinema City Alvalade e Cinema Ideal, a Fábrica do Braço de Prata é outro dos locais prontos a receber filmes, com destaque para os latino-americanos. Depois das sessões, Fernando Galrito prometeu noites temáticas, dedicadas aos vários países convidados.

E porque a formação é “um dos pilares fundamentais deste festival”, não vão faltar workshops masterclasses com realizadores convidados.

Depois de Lisboa e Almada, o cinema de animação vai mostrar-se, até julho, no Porto, Coimbra, Portalegre, Santarém, Ponta Delgada, Gouveia. No resto do ano haverá sessões programadas em vários países.