No dia europeu da disfunção erétil publicámos um artigo sobre um problema que afeta um em cada dez portugueses. É um assunto sério com implicações importantes na vida sexual e social de milhões de pessoas em todo o mundo, já que o problema não afeta apenas o homem mas também as relações conjugais.

O tratamento da disfunção erétil tem várias abordagens, que passam pela terapia psicológica e, muitas vezes, pelo recurso a fármacos, sendo o Viagra o mais conhecido (o princípio ativo chama-se sildenafil). Estas drogas têm por objetivo relaxar os músculos do pénis e deste modo favorecer o enchimento de sangue, dando origem à ereção. Mas para que se mantenha, as válvulas que controlam o fluxo sanguíneo no pénis têm de se manter abertas, o que resulta de um processo químico complexo.

Na década de 1990, cientistas brasileiros realizaram um estudo sobre as consequências da picada comum de uma aranha do género Phoneutria (Phoneutria nigriventer, conhecida por aranha-de-bananeira), que se manifesta por dor e pelo aumento do ritmo cardíaco. Mas nos homens revela também uma condição chamada priapismo, uma ereção (dolorosa) que dura quatro ou mais horas.

A potência desta substância é tal que tem sido objeto de estudo desde então. A proteína entretanto identificada (PnTx2-6) provou ser eficaz em experiências em laboratório, não só em ratos mas também em pénis humanos amputados (por estimulação bioquímica das células nervosas).

Os cientistas já conseguem produzir grandes quantidades de veneno da Phoneutria nigriventer (através de organismos geneticamente modificados), mas o próximo desafio é descobrir como gerir a toxicidade do composto. Tão depressa não deve chegar às farmácias, mas pode bem ser uma alternativa biológica aos compostos químicos atualmente usados para o tratamento da disfunção erétil.

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