O FMI saudou esta sexta-feira a “forte” recuperação da economia espanhola, “muito acima da média europeia”, mas recomendou aprofundar a reforma laboral e a consolidação fiscal para elevar o crescimento e reduzir o desemprego estrutural de 16%.

No relatório anual sobre a economia espanhola, os diretores executivos do FMI elogiam as autoridades espanholas pelas “políticas sólidas” e as reformas realizadas, especialmente as do mercado laboral e a moderação salarial, que impulsionaram a criação de emprego e a competitividade, bem como a reforma do setor financeiro.

A entidade considera que as condições financeiras mais favoráveis – graças à “sólida” aplicação de políticas económicas e também a condições externas favoráveis – “melhoraram a confiança e suportaram a significativa melhoria registada em Espanha desde a crise”.

O FMI continua a prever que o Produto Interno Bruto (PIB) espanhol vai aumentar 3,1% em 2015 e 2,5% em 2016, ou seja “significativamente acima da média da zona euro”.

No entanto, alerta para problemas estruturais como a taxa de desemprego – ainda “elevada” -, para a baixa produtividade e para níveis ainda consideráveis de dívida pública e privada. Para o Fundo, continuam a ser os maiores “desafios” para o futuro da economia espanhola, limitando o potencial de crescimento futuro.

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No mercado laboral, o FMI considera que a taxa de desemprego estrutural em Espanha ronda os 16% [apesar de a taxa real se manter atualmente nos 22%].

Assim, para melhorar este problema, recomenda alinhar os salários em Espanha com a produtividade, a competitividade externa e as condições económicas das empresas; bem como reduzir a dualidade do mercado laboral [que leva aos contratos a prazo] e melhorar a formação dos desempregados de longa duração.

O Fundo sugere medidas como a criação de um contrato único com custos de despedimento baseados na antiguidade do trabalhador, mas apenas em setores sem alta rotação sazonal, para tentar reduzir o intervalo entre as indemnizações por despedimento que existe entre os trabalhadores a título permanente e a prazo. Este intervalo, diz o FMI, continua a ser “muito grande”.

Por outro lado, propõe ao Governo espanhol que estude o financiamento dos custos de despedimento através de um fundo para o qual as empresas fizessem contribuições regulares. Também quer eliminar as incertezas legais e administrativas que existem nos despedimentos coletivos.

Em conclusão, o FMI acrescenta que outro dos riscos fundamentais para a economia espanhola seria a “inversão das reformas já implementadas”, o que – diz o FMI – causaria incerteza e poderia travar a recuperação, “sobretudo se o contexto exterior se deteriorar drasticamente”

Assim, sublinham que para manter o ritmo de crescimento a médio prazo é necessário seguir com a consolidação fiscal e a “sólida implementação de reformas” dirigidas aos problemas estruturais que ainda existem na economia espanhola, e contar com uma procura favorável em toda a zona euro.

O FMI considera ainda que a capacidade de resistência da economia espanhola deixa o país mais salvaguardado de eventuais riscos colocados por problemas na Eurozona, tais como a crise grega.