A empresa Island assegurou hoje que não vai desistir do projeto do parque eólico de Moncorvo, apesar do parecer “negativo” do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), admitindo mesmo o recurso à Justiça.
“Já entregámos no Ministério do Ambiente uma reclamação administrativa, referente ao parecer negativo emitido ao Estudo de Impacte Ambiental (DIA) por parte do ICNF e não está colocado de lado o recurso aos tribunais”, disse hoje à agência Lusa o diretor executivo da Island, Paulo Amante.
O ICNF justificou o parecer negativo sobre o Parque Eólico de Moncorvo, no distrito de Bragança, porque a Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) identificou “impactes negativos muito significativos” e “não minimizáveis” numa área sensível.
Em resposta escrita a questões colocadas pela Lusa, o ICNF assinalava que os impactes na paisagem contribuíram em termos da ponderação global para suporte a uma tomada de decisão “desfavorável”.
“Não nos parecem razoáveis a explicações dadas, já que o atual Governo teve menos de três semanas para analisar o projeto e tomar uma decisão sobre a matéria, acabando todas decisões por ficar nas mãos do ICNF”, referiu o responsável.
Segundo o ICNF, a tomada de decisão final em termos da viabilidade ambiental do projeto que abrange os concelhos de Torre de Moncorvo e Carrazeda de Ansiães resulta de “uma ponderação global” sobre os impactes, que se verificou de forma unânime.
Por seu lado, Paulo Amante deixou a garantia que a Island sempre se mostrou disponível para “minimizar” os impactes negativos na fauna e flora e refuta algumas conclusões.
“A título de exemplo, o ICNF, diz que no nordeste de Portugal é possível encontrar 24 espécies de morcegos, o que é irreal. Nós, através de estudos elaborados ao longo de um ano, só encontramos sete espécies”, indicou.
A Island já investiu cerca de dois milhões de euros em estudos e avaliações das condições para instalação do parque eólico.
O investimento da multinacional de capitais irlandeses ronda os 75 milhões de euros, o que vai permitir a instalação de 25 a 30 aerogeradores com uma potência que vai de 2 a 2,5 megawatts, tratando-se assim de um investimento “viável”.
O futuro parque eólico está projetado para ficar instalado a 900 metros de altitude, num local situado entre as localidades de Lousa e Castedo, abrangendo o concelho de Torre de Moncorvo e Carrazeda de Ansiães.
Para terça-feira, às 09:00, está agendada uma sessão de esclarecimento da Island no Salão Nobre dos Paços do Concelho, em Torre de Moncorvo.