A Assembleia Municipal do Porto aprovou na segunda-feira, por maioria, uma moção contra decisões da TAP e da ANA consideradas lesivas para o aeroporto do Porto e o Norte e chumbou a da CDU sobre a mesma matéria. Na reunião, Rui Moreira acusou a TAP de tentar “fazer com que o Aeroporto Francisco Sá Carneiro não crescesse” e acrescentou que o Norte tem sido vítima de uma “política colonial”.

Bloco de Esquerda (BE), PSD, PS e o grupo municipal Porto, O Nosso Partido, afeto ao presidente da Câmara, Rui Moreira, apresentaram a moção que foi aprovada e tentaram até ao fim contar também com o apoio da CDU.

A pedido do BE, os trabalhos foram suspensos por cinco minutos antes das votações para se tentar chegar a uma posição unânime, mas a CDU manteve-se irredutível e avançou com uma proposta própria.

A CDU considera que a moção que as outras forças políticas apresentaram e aprovaram “não coloca a questão de fundo”, que é a TAP voltar a ter gestão pública. “É do interesse do país que a TAP continue sob gestão pública. Também somos contra o fim das rotas, mas para isso o Estado tem de mandar” na transportadora, argumentou o deputado Artur Ribeiro, da CDU.

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O deputado realçou também que a privatização da companhia tem de ser revertida totalmente pelo Governo, “cumprindo o que [o PS] prometeu na campanha eleitoral”. “O Governo do PS anunciou na prática a salvação da privatização, num negócio de contornos pouco claros, onde assume a manutenção de 50% do capital nas mãos do Estado, mas abdica da gestão” para os privados, refere a CDU, na sua moção.

Esta força política concorda que “estão a ser particularmente afetados os interesses do Porto e da região Norte” com o cancelamento de voos diretos entre o Porto e diversas cidades europeias. Tal prova que “não basta manter a maior parte do capital em mãos públicas se a gestão continua privada e o Governo afirma que não interfere nas decisões”, considera.

Por tudo isto, a CDU propôs que a Assembleia Municipal assumisse “a defesa de uma TAP inteiramente recapitalizada”, mas a proposta acabou chumbada com 37 votos contra e sete a favor.

A moção aprovada por bloquistas, socialistas, sociais-democratas e eleitos pelo Porto, O Nosso Partido manifesta “profunda discordância com as decisões da TAP e da gestora aeroportuária (ANA) que prejudiquem o desenvolvimento do aeroporto do Porto e o seu papel dinamizador da região Norte de Portugal e de todo o noroeste peninsular”.

O texto propõe ainda um apelo às entidades, políticas e administrativas, com responsabilidade na área da aviação civil, para que intervenham garantindo “condições para o prosseguimento da afirmação do aeroporto do Porto”.

O último ponto dessa moção apoia “os esforços” de Rui Moreira relativamente a esta causa, pela qual o autarca prometeu continuar a bater-se.

Rui Moreira criticou a CDU, dizendo que esta força política “gosta da unanimidade quando a impõe”. “Compreendo a posição do Partido Comunista sob o ponto de vista estratégico, mas temo e lamento pela cidade, porque era importante que retirássemos a componente ideológica” em favor de uma posição comum, afirmou.

Rui Moreira acrescentou que “a maldade que está ser cometida não é por a TAP ser privada”. “A TAP, nos últimos 12 anos, com 100% de capital público, abandonou o Porto. Fez tudo para destruir o aeroporto do Porto”, afirmou o autarca.