A Associação de Moradores da Ilha da Culatra alertou que as dragagens provocaram o desaparecimento do areal da praia daquela ilha algarvia que perdeu a área legal para poder ser vigiada, comprometendo a segurança dos banhistas.
As dragagens foram realizadas pela Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, entidade criada em 2008 com o objetivo de melhorar o ecossistema da Ria Formosa e requalificar as zonas urbanas nela existentes.
“A dragagem não foi feita na ria [como previsto], mas sim no oceano e veio prejudicar a Culatra que pela primeira vez ficou sem praia e isto tudo aconteceu depois das dragagens”, explicou a presidente daquela associação, Sílvia Padinha.
Em causa estão as dragagens realizadas entre 2015 e 2016, que Sílvia Padinha diz não estar em conformidade com o plano inicial apresentado pela Sociedade Polis.
“Perdeu o areal e a Associação Portuguesa do Ambiente e a Polícia Marítima consideram que não tem condições de segurança e, então, passou a praia não vigiada”, observou, acrescentando que essa situação não impede que os banhistas continuem a usar a praia e que alguns têm sido socorridos por populares.
O plano de dragagens previsto para a Ria Formosa tem como objetivo a melhoria do ecossistema da Ria Formosa, promovendo a renovação e oxigenação das águas, o aprofundamento dos canais de navegação, a abertura de barras e desassoreamento para garantir condições seguras de navegação às embarcações.
A Associação de Moradores da Ilha da Culatra enviou convites a todos os grupos parlamentares para que visitem a ilha e conheçam a comunidade nela existente, com cerca de mil pessoas, que vivem da pesca, do marisco e do turismo.
Após a visita de deputados do PS e da CDU, a ilha da Culatra recebe hoje o deputado do Partido Ecologista “Os Verdes”, José Luís Ferreira, que será apresentado ao estilo de vida da comunidade e aos problemas com que se debate, como é o caso das dragagens e da perda de areal.
“O nosso objetivo é o reconhecimento da aldeia da Culatra como uma aldeia sustentável”, contou Sílvia Padinha.
A Associação de Moradores pretende, ainda, abordar o caso de uma área que foi interdita à pesca tradicional em 2008 e reservada para a aquacultura, mas que até agora continua inativa.
“Não há empresas a explorar a área e os pescadores continuam interditos de pescar nessa área”, apontou Sílvia Padinha, defendendo a criação de uma zona onde fosse compatibilizada a pesca e a aquacultura.
A comunidade aguarda ainda pela publicação em Diário da República do projeto de resolução aprovado na Assembleia da República no início do ano, que recomenda diversas ações de valorização e requalificação da Ria Formosa.