Está já esgotada a segunda edição do Porto Tech Hub Conference. A série de conferências sobre inovação e desenvolvimento tecnológico realiza-se esta sexta-feira no Hard Club, antigo Mercado Ferreira Borges, no Porto. Em paralelo, a organização está a trabalhar na reconversão de cursos superiores relacionados com tecnologia, em parceria com as faculdades da cidade.

Ao longo de onze horas, vão passar pelas duas salas do Hard Club quinze oradores, com conferências em simultâneo. Felipe Ribeiro, engenheiro de software do Spotify, Christoffer Noring, especialista em desenvolvimento da Google, e Sally Goble, chefe de qualidade do jornal britânico The Guardian, são alguns dos grandes nomes da indústria que constam no painel.

No ano passado, houve dois dias de conversas que chamaram cerca de 800 pessoas ao Rivoli. Uma surpresa para Paula Gomes da Costa, presidente da Porto Tech Hub, impressionada pela afluência ao evento. “Aí tivemos noção que isto seria enorme e reforçamos a decisão de que o projeto seria para continuar”, afirmou ao Observador. O evento nasceu da partilha de ideais de três empresas portuenses do setor da inovação e desenvolvimento (Critical Software, Blip e Farfech).

“Este é um projeto que está em linha com o investimento que as empresas sócias fazem. Não é um evento esporádico”, garantiu a presidente da associação. As perspetivas de crescimento do evento são grandes e olha-se para os exemplos mais encorajadores como o da Web Summit, evento irlandês que este ano se realiza em Lisboa. “A Web Summit também nasceu pequena. Se vamos sonhar, vamos sonhar com algo do género”, afirmou.

Ao contrário do ano passado, o painel escolhido para a segunda edição centra-se na “tecnologia pura e dura”, nas palavras de Paula. Os temas abordados são mais específicos e a organização destaca que é necessário um conhecimento de base para acompanhar as conferências. Esperam-se investigadores, empresários do setor da tecnologia e alunos da área entre as cerca de 650 pessoas que já compraram bilhete.

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Sem querer nomear preferências, a organizadora destaca a abrangência de temas que as conferências cobrem: “Quem quiser ouvir sobre áreas de futuro, pode ver o conferencista da Critical Manufacturing. Quem quiser perceber como são processados milhares de pedidos em simultâneo, tem o conferencista da BLIP. Se quiser perceber como procede uma empresa contra ataque de hackers, poderá ver o da Awamai”, completou Paula Gomes da Costa.

Ainda sem datas previstas, há uma certeza de que para o ano o evento volta ao Porto. “Sabemos que para o ano o formato será completamente diferente e vai ter muitas surpresas”, garantias da organização.

Porto Tech Hub quer “atrair talento para a cidade”

Tornar o Porto “num centro de competência e excelência na área tecnológica” e mostrar o “potencial da região Norte para a fixação de novas empresas” do setor foram propósitos que uniram a Critical Software, Blip e Farfech numa única associação. Para além da notoriedade ganha com a realização da conferência e o apoio da Câmara do Porto, a Porto Tech Hub poderá crescer em breve com a adesão de outras empresas.

Por detrás desta associação está ainda um terceiro objetivo: “atrair talento para a cidade”. “Queremos trazer sangue novo para o Porto e para uma área que é alvo de apostas de grandes empresas”, afirmou Paula Gomes da Costa, também administradora na Blip. Uma necessidade urgente por parte de muitas empresas dada a “noção de que os recursos na área da tecnologia muito em breve estarão esgotados”, acredita.

Fruto da relação direta que muitas empresas da cidade estabelecem com o ensino superior, Porto torna-se num “local privilegiado” para o recrutamento e aposta na formação específica dos profissionais, defende.

“Por isso, a associação quer tentar criar cursos para pessoas que estão em áreas relacionadas com a tecnologia possam reconverter a sua formação de uma forma mais prática” – um projeto que, ainda em fase inicial, está a ser conversado com as faculdades do Porto. A intenção é dotar os alunos com ferramentas mais práticas e adequadas às necessidades do mercado de trabalho. “Precisamos de garantir qualidade técnica e autofinanciamento, mas é um projeto de futuro”, concluiu a presidente da Porto Tech Hub.